Por Alexandro Martello, G1 — Brasília


O Ministério da Economia informou nesta segunda-feira (4) que a balança comercial registrou superávit de US$ 6,702 bilhões em abril.

O superávit é registrado quando as exportações superam as importações. Quando ocorre o contrário, é registrado déficit comercial.

Em relação a abril do ano passado, houve alta de 18,5% no saldo comercial positivo. Esse também foi o melhor resultado para o mês de abril em três anos.

Balança comercial
Resultado para o mês de abril
Fonte: Ministério da Economia

O aumento do superávit comercial aconteceu em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem diminuído o fluxo de comércio entre os países.

Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em videoconferência que o choque externo no nível de atividade não está acontecendo como o previsto anteriormente, pois, segundo ele, a Ásia está absorvendo as reduções de exportações para Estados Unidos e Argentina.

Os números do governo mostram que, em abril, as vendas externas para a Ásia subiram 28,65%. Somente para a China, o crescimento foi maior ainda, de 29,5%. Ao mesmo tempo, as exportações para os Estados Unidos, Argentina recuaram, respectivamente, 31,7% e 46%. As vendas externas para a Europa, por sua vez, subiram 0,21%.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, a queda das exportações para os EUA é reflexo direto do grande recuo da economia americana, por conta da crise do novo coronavírus, além do fato de que a pauta entre os dois países apresenta forte concentração em produtos industrializados, cujos fluxos globais estão em queda mundial.

A redução de vendas para a América do Sul, englobando a Argentina, caíram principalmente por conta da queda nas vendas do setor automotivo e de petróleo bruto, acrescentou a área econômica.

Exportações e importações

De acordo com o Ministério da Economia, as exportações somaram US$ 18,312 bilhões em abril deste ano, com queda, pela média diária, de 0,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

"A pequena queda do valor exportado foi proporcionada pelo recuo de 5,5% nos preços dos bens em relação ao mesmo mês do ano anterior. Por sua vez, o volume exportado, medido pelo índice de quantum, apresentou crescimento de 2,9% no mês", informou o Ministério da Economia.

Segundo o governo, houve recorde histórico na exportação de:

  • soja (16,3 milhões de toneladas);
  • farelo de soja (1,7 milhão de toneladas);
  • óleos combustíveis (1,3 milhão de toneladas);
  • alumina (770 mil toneladas);
  • minério de cobre (121 mil toneladas);
  • carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (116 mil toneladas);
  • algodão bruto (91 mil toneladas);
  • carne suína (63 mil toneladas).

"O bom desempenho desses produtos evidencia a competitividade das exportações, favorecida por uma taxa de câmbio real mais desvalorizada. Além disso, a demanda mundial por esses bens mostra significativa resiliência, sobretudo a demanda asiática", informou o Ministério da Economia.

No caso das importações, informou o Ministério da Economia, o valor somou US$ 11,611 bilhões no mês de abril, com queda de 10,5% pela média diária. Caíram as importações de combustíveis (-28,3%), bens de consumo (-22,4%), bens de capital (-21,9%) e bens intermediários (-2,3%).

Parcial de 2020

No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, a balança comercial registrou superávit de US$ 12,264 bilhões, informou o Ministério da Economia.

A cifra representa queda de 16,44% na comparação com o saldo positivo de US$ 14,678 bilhões, registrado no mesmo período do ano passado.

Esse também foi o pior resultado, para os quatro primeiros meses de um ano, desde 2015, quando foi registrado um déficit de US$ 5,095 bilhões. Deste modo, foi o pior primeiro quadrimestre em cinco anos.

De acordo com o governo, no acumulado de 2020, as exportações somaram US$ 67,833 bilhões – queda de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Houve crescimento de 17,5% nas vendas externas do setor agropecuário, de 2,7% nas exportações da indústria extrativa, e uma queda 12,6% em produtos da Indústria de Transformação.

Já as importações somaram US$ 55,569 bilhões, com recuo de 0,4% em relação ao mesmo período de 2019. Caíram as importações de produtos agropecuários (-5,4%), da indústria extrativa (-26,2%), e houve uma lata de 1,7% em compras da indústria de transformação.

Projeções

No ano passado, a balança comercial registrou superávit comercial de US$ 48 bilhões (valor revisado). Com isso, o saldo positivo, assegurado principalmente pela exportação de produtos básicos, ficou 19,6% abaixo do de 2018.

A expectativa do mercado financeiro para este ano é de nova queda do saldo comercial. Segundo pesquisa realizada pelo Banco Central na semana passada, a previsão para 2020 é de um saldo positivo de US$ 42 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior.

O Banco Central, por sua vez, prevê um superávit da balança comercial de US$ 33,5 bilhões neste ano – com exportações em US$ 191 bilhões e importações no valor de US$ 157,5 bilhões.

O Ministério da Economia divulgou nesta segunda-feira, pela primeira vez, sua previsão para o saldo comercial de todo ano de 2020. A previsão da área econômica é de que será registrado um superávit de US$ 46,6 bilhões neste ano.

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