VWCO investe em engenharia, fábrica e nacionalização para fazer extrapesados

Nova linha de produção de caminhões extrapesados da VWCO em Resende: manufatura 4.0

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 03/09/2020 - 19:30
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
  • 5 minutos de leitura

    A nova família Meteor de caminhões extrapesados lançada este mês também trouxe investimentos pesados à operação brasileira da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO), os maiores já feitos nos quase 40 anos de história da empresa, consumindo dois terços do programa de R$ 1,5 bilhão previsto para o período 2017-2021.

    O projeto recebeu aportes de R$ 1 bilhão, divididos em R$ 500 milhões para ampliação e modernização industrial da fábrica de Resende (RJ), com instalação de linhas de produção digital da Indústria 4.0; e outros R$ 500 milhões no desenvolvimento dos novos cavalos mecânicos, incluindo os trabalhos de engenharia, nacionalização de componentes (inclusive o motor MAN D26 de 13 litros), montagem de 20 protótipos, testes de rodagem de mais de 5 milhões de quilômetros em seis estados brasileiros, no campo de provas de Resende e também no exterior.


    Com alto índice de nacionalização e nova linha de produção, família de extrapesados Meteor coloca a VWCO em posição de brigar com melhores armas no segmento de mercado que mais cresce no Brasil

    DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO COM DESIGN ALEMÃO



    “Os Meteor representam todas as lições que aprendemos com o desenvolvimento de produtos que fazemos no Brasil. Fizemos a maior aquisição de dados de nossa história durante os testes. Verificamos tudo que o cliente buscava e não encontrava para desenvolver os novos caminhões”, conta Rodrigo Chaves, vice-presidente de engenharia da VWCO.




    Protótipos do Meteor rodaram em seis estados com 300 pontos monitorados: maior programa de coleta de dados da história da VWCO

    Durante o desenvolvimento, dois protótipos Meteor cruzaram seis estados brasileiros em rotas rodoviárias que são símbolo do transporte de soja no Brasil. Estes veículos foram paramentados com equipamentos para monitorar e colher dados de 300 pontos do caminhão, desde um suporte de roteiro de chicote a um eixo inteiro, consolidando assim o maior programa de aquisição de dados da VWCO em testes.

    Como a sede da VWCO é no Brasil – primeiro país no mundo a fabricar caminhões de grande porte da marca Volkswagen –, a maior parte do desenvolvimento dos produtos é executada pela engenharia da empresa que hoje integra o Traton Group (ao lado de Scania e MAN), uma corporação independente do Grupo VW criada há apenas dois anos. Por isso o desenho da cabine dos novos Meteor segue padrões internacionais da marca e seu design foi concebido na divisão de veículos comerciais do grupo, a VW Nutzfahrzeug em Hannover, na Alemanha – assim como já havia acontecido com a nova linha Delivery lançada em 2017.


    Design do Meteor foi concebido na divisão de veículos comerciais do Grupo VW na Alemanha

    QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL CHEGA A RESENDE



    Para produzir seus novos extrapesados, a VWCO fez o que chama de “revolução industrial” na fábrica de Resende, prestes a completar 25 anos em operação. No caso, conceitos da chamada “quarta revolução industrial” ou “Indústria 4.0” foram aplicadas a uma nova linha de produção instalada para produzir a família Meteor, baseada em manufatura digital, em que todos os processos são altamente automatizados e interconectados em rede de dados que monitora todos os processos.


    Processos de manufatura 4.0 foram adotados em Resende para produzir os novos caminhões extrapesados: 70 novos robôs na produção

    A área de armação das cabines recebeu mais de 70 novos robôs, somando 130 agora equipamentos, e assim todo o processo de 2,8 mil pontos de solda foi 100% automatizado. A análise de qualidade final é executada por câmeras que conferem toda a medição. Os robôs cuidam ainda de operações de aplicação de cola, fixação de pinos e transporte das placas metálicas.

    Pouco antes de sair da pintura, cada cabine recebe um chip de identificação que transmite para a rede de controle de manufatura em nuvem todas as etapas do processo de montagem. Com isso, é possível programar os robôs à distância e saber o status do veículo de qualquer parte do mundo, para alinhar toda a estratégia de produção e vendas.


    Cabines recebem chip de identificação que transmitem dados da produção

    Também foi construído um prédio de cerca de 4,5 mil metros quadrados dedicados ao acabamento do caminhão, onde são montados mais de mil peças do interior da cabine. Na linha de montagem, os veículos são transportados por carrinhos AGVs, guiados automaticamente por faixas magnéticas fixadas no chão e interconectados pelo sistema de manufatura 4.0.

    Rodrigo Chaves explica que todos os processos seguem sendo executados em parceria pela VWCO e as oito empresas que integram o consórcio modular, um conceito de produção inaugurado junto com a planta de Resende em 1996, em que fornecedores também atuam diretamente na manufatura dos veículos. “Todos os componentes das linhas são intercambiáveis e o mesmo consórcio produz todos os veículos.”

    “O próprio motor MAN D26 [produzido pela MWM em São Paulo] é fornecido por um dos parceiros do consórcio modular”, destaca Leandro Siqueira, vice-presidente de planejamento de produto, estratégia corporativa e digitalização da VWCO.

    METEOR NASCE COM NACIONALIZAÇÃO ACIMA DE 70%



    Desenvolvidos e produzidos no Brasil, os novos Meteor nascem com grande índice de conteúdo local, acima de 70%, com cerca de 300 fornecedores, segundo informa a VWCO, incluindo alguns dos componentes de maior peso e valor, como o já citado motor MAN D26, a transmissão automatizada Traxon de 12 e 16 velocidades produzida pela ZF em Sorocaba (SP), suspensões pneumáticas da Suspensys feitas em Caxias do Sul (RS) e montadas em Resende; além dos eixos trativos fabricados em Osasco (SP) e acoplados em Resende pela Meritor – também integrante do consórcio modular.

    “Os novos caminhões precisavam ter o maior índice de nacionalização possível, por isso integramos muitos fornecedores ao projeto desde o início, assim nacionalizamos motor, transmissão, eixos, e suspensão”, disse Luiz Alvarez, vice-presidente de suprimentos da VWCO.




    Motor MAN D26 produzido pela MWM em São Paulo: mais nacionalização para os VW Meteor

    O trabalho de nacionalização de componentes também foi pensado para garantir preços competitivos no mercado de reposição, que impactam diretamente no TCO (custo total de operação) do veículo, um importante argumento de venda neste mercado. Nesse sentido, também está em curso investimento de R$ 1,3 milhão, até 2021, no Centro de Distribuição de Peças de Vinhedo (SP), que a VWCO compartilha com a Volkswagen, para abastecer com acessórios e componentes para manutenção e reparos sua rede de 140 concessionárias no Brasil e cerca de 30 países para onde a empresa exporta seus veículos.

    Segundo a VWCO, o investimento faz parte de um ciclo até 2022, com aporte que alcançará R$ 8 milhões, para a ampliação da área em mais 4 mil metros quadrados, passando assim dos atuais 32 mil m² para 36 mil m², além da adoção de novos processos para aumentar a eficiência logística. O centro abriga mais de 32 mil itens e anualmente mais de 4 milhões de peças são embaladas e enviadas aos clientes.


    Novos extrapesados Volkswagen: Meteor 28.460 e 29.520 e o Constellation off-road 33.460