O novo Porsche 911 já está no Brasil. O primeiro contato com a oitava geração do esportivo mais longevo da história ocorre no Autódromo Velo Città, em Mogi Guaçu (a 164 km de São Paulo).
Após algumas instruções sobre o carro e a pista, há pouco tempo para ajustar assento, volante e espelhos. É preciso seguir um Porsche GT3 guiado por um piloto profissional, e ele logo coloca seu carro em movimento.
O comboio com outros três Porsches novíssimos vai atrás. A bordo de um 911 Carrera S, sente-se o peso de guiar um carro que custa R$ 679 mil na versão mais em conta. Os primeiros movimentos são cautelosos, até demais.
Falta ritmo na primeira volta, e o GT3 começa a sumir na pista. O piloto pede para que o comboio se aproxime e logo se percebe que é possível seguir o trajeto feito por ele.
Cones marcam os pontos de entrada e saída das curvas, orientação que evita barbeiragens. O profissional anda rápido com seu GT3, mas reduz o ritmo ao ver que os aprendizes estão ficando para trás.
O que foi dito na apresentação pode ser sentido na pista. O 911 Carrera S está ainda mais rígido, a carroceria não torce nas curvas fechadas.
Na reta, é o momento de liberar os 450 cv de potência. O câmbio automático de oito marchas e dupla embreagem faz as trocas por conta própria, e o velocímetro logo chega aos 150 km/h. Passaria fácil dos 200 km/h se houvesse mais chão e mais habilidade.
Na terceira volta, um pouco de empolgação faz a traseira ameaçar se desgarrar em uma curva. Se isso acontecesse, o 911 rodaria na pista. Porém, os controles de tração e de estabilidade atuam prontamente. O carro segue adiante.
O passeio pela pista é acompanhado pelo ronco do motor turbo de seis cilindros: um botão permite escolher o nível de ruído do escapamento.
Há outros truques mais úteis. O 911 é capaz de detectar a água na estrada e se adequar a essa situação para evitar acidentes. Há, também, sensores que monitoram o trânsito e acionam os freios em caso de emergência.
Como opcional, o Porsche pode ser equipado com câmera de imagem térmica. Pessoas ou animais na beira da estrada são percebidos à distância, o que reduz o risco de atropelamento.
O piloto que puxa o comboio se dirige para os boxes e o teste chega ao fim. Parado, o 911 revela pontos em comum com as gerações anteriores e também exclusividades.
Com 21 polegadas, as rodas traseiras são maiores que as dianteiras (aro 20). A diferença na largura dos pneus é expressiva: 245 mm na frente, 305 mm atrás.
Segundo a Porsche, o novo 911 Carrera S pode ir do 0 aos 100 km/h em 3,7s. É cerca de meio segundo mais rápido que o anterior, resultado obtido com redução de peso e
30 cv a mais de potência.
Além dos 911 disponíveis para o teste, há outros modelos da marca enfileirados no autódromo. São 22 carros, todos com placas da Alemanha.
Rodrigo Soares, gerente de relações públicas da Porsche, explica que os modelos rodam o mundo em eventos para clientes da montadora. É um circo itinerante que inclui pneus, mecânicos e pilotos. Até as bandeiras no autódromo cruzaram o oceano.
Nas próximas duas semanas, possíveis compradores e clientes fiéis irão ao Velo Città para conhecer o 911. Já há unidades reservadas, mas o carro só chega às lojas em maio.
A iniciativa custa alguns milhões de dólares e é justificada pela ambição da empresa, que não estabelece um limite para crescer no Brasil.
A Porsche vendeu 1.450 carros em 2018, número expressivo para uma importadora cujos veículos menos caros custam R$ 329 mil. Esse é o valor pedido pelas versões mais simples do utilitário Macan e do cupê Cayman.
Segundo Werner Schaal, diretor de vendas da Porsche, o antigo 911 teve 211 unidades emplacadas em 2018. O cupê mais caro da geração anterior é o GT3 que puxou o comboio na pista: R$ 1,2 milhão.