Montadoras e autopeças ficarão mais dependentes dos fornecedores de tecnologias

Mudanças no setor serão ditadas por novas fontes de energia, veículos autônomos e mobilidade

Por MÁRIO CURCIO, AB
  • 22/04/2019 - 17:50
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Seja por causa de modelos híbridos, elétricos ou autônomos, o futuro que se aproxima vai criar uma dependência cada vez maior das montadoras e dos fabricantes de autopeças em relação a fornecedores de novas tecnologias. A conclusão veio do Encontro da Indústria de Autopeças, evento realizado pelo Sindipeças na segunda-feira, 22.

    “Ninguém conseguirá fazer mais nada sozinho”, afirmou o novo presidente da ZF na América do Sul, Carlos Delich, durante o painel “Visão de futuro”, moderado por César Gomes, conselheiro do Sindipeças. “O que temos hoje é a diversificação da indústria em muitos aspectos, como conectividade e mobilidade”, disse Delich.



    Outra certeza entre os participantes do debate é que toda a indústria automobilística atravessará um período de mudanças: “A Toyota passará a ser uma empresa de mobilidade”, garantiu o presidente da montadora no Brasil, Rafael Chang. A montadora deu um grande passo em direção a este novo cenário com o anúncio da produção, no segundo semestre, do Corolla híbrido flex, o que resultará na nacionalização mais componentes do carro. Segundo Chang, já existem mais de dez fabricantes de autopeças dispostos a fornecer itens para a plataforma TNGA, sobre a qual os novos Corolla serão montados em Indaiatuba. “O híbrido flex é a base do futuro no Brasil pelo aproveitamento do etanol”, recordou o executivo.

    A plataforma TGNA é a mesma já utilizada no híbrido Toyota Prius e serve de base também para modelos 100% elétricos ou 100% a combustão. Vale dizer que o próximo Corolla também terá versões com motores convencionais. Receberá um 2.0 mais moderno acoplado a uma transmissão automática CVT.

    Delich, da ZF, admite que é importante beneficiar-se dos recursos locais, como o etanol no Brasil e o gás natural na Argentina, “mas sem perder o foco nas tecnologias que evoluem no restante do mundo”. O executivo pretende desenvolver mais produtos na América do Sul, a despeito das dificuldades enfrentadas no cenário político: “Não podemos esperar as decisões do governo para saber o que ocorrerá e não queremos atuar como uma empresa de logística na América do Sul”, disse Delich, que se recusa a simplesmente importar componentes em vez de desenvolvê-los na América do Sul. O executivo Mark Gottfredson, diretor da Bain & Company, nos Estados Unidos, está certo de que as mudanças no setor automobilístico vão ocorrer em ritmo acelerado.

    “O custo das baterias dos carros elétricos tem caído mais rápido que os consultores imaginavam alguns anos atrás, a tributação para esses veículos em regra é menor e a infraestrutura não será problema, já que grande parte das estações de recarga estará nas residências dos usuários”, estima o executivo.