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Estado de Minas LIQUIDAÇÃO

Black Friday 2020: Por que o varejo on-line deve bater recorde de vendas em plena crise

Mercado Livre e Google projetam evento histórico; descontos oferecidos em alguns segmentos podem decepcionar


22/10/2020 04:00 - atualizado 22/10/2020 07:13

Mercado Livre faz projeções para o comércio on-line e comemora aumento dos usuários no Brasil este ano (foto: Wikemedia Commons)
Mercado Livre faz projeções para o comércio on-line e comemora aumento dos usuários no Brasil este ano (foto: Wikemedia Commons)

Em meio ao colapso econômico provocado pela crise do novo coronavírus no país, as projeções feitas pelo Mercado Livre para a Black Friday de 2020 soam utópicas. Em 27 de novembro, data do tradicional megaevento de descontos, a plataforma argentina espera bater recorde de vendas.

Não se trata de mero palpite, garante a empresa. Embora evitem falar de expectativas de lucros, os executivos justificam o otimismo com números objetivos. Um estudo realizado pelo Mercado Livre com dados do Instituto IPSOS e da Ebit Nielsen aponta 41 milhões de visitas ao site em um só dia em 2020. O volume é maior que o registrado na Black Friday de 2019 - até então, auge dos acessos - quando a loja virtual recebeu 32,8 milhões de visitantes.

Ainda de acordo com a pesquisa, 58% dos usuários cadastrados no e-commerce manifestaram desejo de fazer compras na campanha deste ano.“Tivemos 2,6 milhões de novos usuários em nossa plataforma no Brasil somente entre abril e maio deste ano. No segundo trimestre, vimos também um crescimento de 25% no cadastro de vendedores na comparação com o primeiro trimestre. Nossa expectativa é de que este novo público, seja para comprar ou para vender, terá experiências majoritariamente satisfatórias na Black Friday e continuarão usufruindo da tecnologia mesmo com a superação da pandemia”, prevê Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre no Brasil. 

Confiante nos ganhos – não só os proporcionados pela semana de promoções – a gigante do varejo on-line anunciou investimentos bilionários no mercado brasileiro. Até o fim deste ano, a empresa deve injetar R$ 4 bilhões de reais em suas operações no país, valor já recorde em relação aos anos anteriores. Para 2021, a previsão é de que o aporte seja ainda maior, direcionado sobretudo na ampliação da capacidade de entregas.

“Estamos ainda promovendo uma série de webinars (videoconferências educacionais) direcionadas a empreendedores de dentro e de fora da nossa base. As aulas apresentam insights de toda a cadeia de negócios, desde gestão de reputação até dicas de atendimento. Vivemos um momento que marca uma tendência praticamente irreversível para o comércio on-line e a consolidação de um comportamento digital dos consumidores”, avalia Julia Rueff.

Buscas no Google

Dados divulgados pelo Google em 6 de outubro desenham um cenário parecido. De acordo com a empresa, em 2019, a semana da Black Friday foi o pico de buscas no site para 72% das macrocategorias do varejo – eletroeletrônicos e utilidades domésticas, por exemplo. A marca já foi ultrapassada no período de 26 de agosto a 22 de setembro deste ano em ao menos 19 categorias.

O interesse por itens de decoração – cujo pico de buscas costuma ocorrer durante a semana de ofertas – é um dos destaques do levantamento. Segundo o Google, entre o fim de agosto e o fim de setembro, a procura por esses produtos cresceu 51% em relação a última edição do evento. Alimentos, que não acusavam picos durante a Black Friday, atingiram um novo patamar de buscas. O volume de pesquisas no período analisado pela empresa é 40% maior em relação à data de promoções de 2019.

"A data tem acontecido há mais tempo e o consumidor tem ficado mais maduro. Olhando o patamar a que as buscas chegaram, não faz sentido cair”, destacou a diretora de negócios para o Varejo do Google Brasil, Gleidys Salvanha, ao jornal Estado de São Paulo. 

Descontos menores

Para o diretor do site de comparação de preços do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, o cenário projetado pelo setor de vendas on-line é atípico e não pode ser atribuído à melhora da situação financeira do consumidor, cujo bolso ainda está bastante fragilizado pela pandemia. O economista vê o bom momento vivido pelo comércio virtual durante a Black Friday como reflexo da consolidação do e-commerce no Brasil.

“A adesão do consumidor às compras virtuais é uma situação tida como inevitável há muitos anos, mas foi acelerada durante a pandemia, por causa do fechamento das lojas físicas. Isso fez com que mais pessoas se aventurassem pelas lojas virtuais e perdessem o receio das transações eletrônicas”, avalia o economista.
 
Na visão do analista, outro fator que deve contribuir para o sucesso das vendas on-line na Black Friday é a cautela do consumidor que, sem dinheiro, deixou as compras para o período de promoções. Abreu, no entanto, acredita que os descontos oferecidos em alguns segmentos podem decepcionar. 

De acordo com ele, mercadorias com giro maior, como as vendidas em supermercados, devem ser ofertadas com descontos bem mais modestos em relação ao ano passado, já que os produtos do gênero alimentício foram fortemente pressionados por fatores como a alta do dólar e das exportações. 

“O comerciante vendeu isso o ano inteiro, pois são itens de primeira necessidade. Portanto, não tem estoques de antes da pandemia, comprados a preços mais baixos para desovar. Logo, ele não vai conseguir vender uma cerveja premium a R$ 4 reais, por exemplo, como pôde fazer em 2019. O preço de custo dela, em 2020, deve ser próximo disso”, pondera o diretor do Mercado Mineiro. 

Quem busca os eletroeletrônicos deve aproveitar melhor a data. “Difícil prever, mas imagino que muitas lojas on-line possam estar com estoques encalhados, adquiridos antes da pandemia. Com a crise, muitos empreendedores sentem necessidade de fazer caixa nesse momento. Assim, pode ser que, por necessidade de ver algum dinheiro entrar rápido, muitos ofereçam descontos bastante atrativos”.



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