No setor automotivo, 61% das empresas estão longe da transformação digital

Resultados preliminares do índice feito pelo Cesar em parceria com AB mostram que companhias ainda mantêm foco só em otimizar processos

Por GIOVANNA RIATO, AB
  • 27/05/2019 - 11:00
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    As empresas automotivas têm anunciado uma série de esforços para acompanhar a transformação digital. Apesar disso, 61% dos profissionais desta indústria indicam que as empresas em que trabalham estão longe de alcançar maturidade digital – deste porcentual, 14% estão muito longe deste ponto. Esta é uma das conclusões preliminares do Índice de Transformação Digital do Setor Automotivo, feito pelo Cesar – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, em parceria com Automotive Business.



    - Meça aqui o Índice de Transformação Digital da sua empresa



    Os dados foram apresentados no ABX19 – Automotive Business Experience, evento que reuniu 2 mil lideranças do segmento em São Paulo, no dia 27 de maio. Os números prévios foram apurados por meio de questionário on-line com 93 pessoas que atuam em organizações, um universo que gira em torno de 600 empresas, entre fornecedores da cadeia de valor e as fabricantes de veículos. Dos entrevistados, 46% são de cargos de coordenação, gerência, diretoria, vice-presidência e presidência das empresas.

    Assim que respondiam ao questionários, estes profissionais recebiam um diagnóstico, com o índice da própria organização – este serviço segue disponível aqui/strong>. Eduardo Peixoto, Chief Design Officer, diz que os resultados estão dentro do esperado para o setor automotivo.

    “Trata-se de um segmento que é símbolo da revolução industrial, marcada pela linha de montagem desenvolvida por Henry Ford. Agora, no entanto, estas empresas precisam encarar uma série de desafios para acompanhar a atual revolução digital”

    Enquanto as respostas da maior parte dos entrevistados indicaram que as companhias em que trabalham estão distantes de alcançar a maturidade, 31% apontam que estão perto de concretizar a transformação digital e apenas 4% sinalizam estar muito perto.



    DIGITALIZAÇÃO OU APENAS OTIMIZAÇÃO?


    Ainda que exista um longo caminho a ser percorrido pelas empresas automotivas, 86% dos respondentes indicaram que a transformação digital é um tema prioritário nas empresas em que trabalham. Por outro lado, 9,7% dos entrevistados disseram que as organizações não priorizam o assunto.

    “Outra questão sensível no setor automotivo é que muitas empresas falam em transformação digital, mas só executam medidas de otimização dos processos, deixando uma série de iniciativas essenciais de fora, como a geração de novos modelos de negócio”, alerta Peixoto.



    Segundo o especialista, apesar da priorização da transformação digital estar na maior parte das empresas, apenas 42,9% dos respondentes mostram iniciativas mais abrangentes, que vão além da preocupação em otimizar a companhia. “Em geral, o setor automotivo ainda olha para a inovação, que engloba a transformação digital, como algo que deve ser feito internamente, de forma vertical”, diz Peixoto.

    Para ele, no entanto, a abordagem deveria ser mais aberta, com cocriação em ciclos interativos, em rede, com foco que vá além do produto:

    “A transformação digital precisa ser profunda e incluir a ruptura do modelo de negócio em atividades-chave das organizações. O setor automotivo tem que passar por este processo para não perder espaço para empresas desafiantes”, resume.



    CONHEÇA OS OITO EIXOS DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL


    Para medir o estágio em que as empresas automotivas estão, o Índice de Transformação Digital se apoia em oito eixos:

    - Cultura e pessoas: perspectiva do ser humano em relação às mudanças na era digital, passando pelo papel de líder nas transformações e pela função das empresas nas novas configurações das sociedades e dos negócios.

    - Consumidores: trata-se da mudança na relação entre as organizações e os seus consumidores. Passa pela possibilidade de customização, disponibilidade e oferta de soluções conectadas e sob demanda.

    - Concorrência: a era digital reconfigurou a competição. Mesmo empresas bem estabelecidas podem ser fortemente impactadas por novos competidores ágeis, inesperados e assimétricos.

    - Inovação: há novos métodos e processos. Antes as empresas desenhavam e lançavam sozinhas seus produtos no mercado. Agora a cocriação e a contínua experimentação são as estratégias com maior potencial.

    - Processos: este é o eixo da otimização. Passa pelo mapeamento de como as empresas se envolvem digitalmente com o setor em que estão inseridas, e da propensão ao uso de software para gerenciar operações internas, otimizar o uso de ativos e os relacionamentos com clientes e fornecedores.

    - Modelos de negócio: ao usar ferramentas digitais, as empresas devem detectar novos mercados e caminhos para crescer. Segundo o Cesar, modelar novos negócios é essencial para a sobrevivência das organizações na era digital.

    - Dados: a captação e uso inteligente de dados tem extrema relevância para a estratégia e tomada de decisões das empresas. A questão é que poucas organizações sabem extrair valor deles e, ao mesmo tempo, assegurar os direitos intelectuais em ativos digitais, a privacidade e a segurança dos consumidores.

    - Tecnologias: as empresas precisam conhecer e aplicar de forma inteligente as tecnologias digitais, como IoT (Internet das Coisas), big data e inteligência artificial – soluções capazes de garantir vantagem competitiva.