Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1


Num ambiente dominado pela incerteza neste início de ano, empresários e consumidores estão menos confiantes com relação ao desempenho da economia brasileira. Logo, investem e compram menos do que o esperado. O resultado é que todos os setores mostram uma fraqueza.

O cenário mais difícil tem sido enfrentado pela indústria. Antes de a crise se enraizar de vez pela economia brasileira, a partir de 2014, o setor já dava sinais de alerta com a perda de competitividade. No entanto, desde o ano passado, houve uma nova escalada na crise, e a indústria voltou a perder ritmo. Neste primeiro trimestre, apenas cinco setores tiveram avanço na produção.

"A trajetória da indústria preocupa muito", afirma o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin. "E é um movimento generalizado, o sinal é negativo para vários setores."

Um trimestre para esquecer — Foto: Roberta Jaworski/Arte G1

A indústria tem lidado com uma combinação bastante perversa neste início de ano. Além da fraca retomada da economia local, o setor é afetado por vários choques, como a tragédia em Brumadinho, com fortes impactos para o setor extrativista; os reflexos provocados pela greve dos caminhoneiros; a desaceleração do comércio global; e a crise econômica da Argentina - o país é um importante importador de produtos manufaturados do Brasil.

"Depois da greve dos caminhoneiros, a indústria não sustentou mais uma recuperação que vinha se observando", afirma o gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. "Os dados deste ano não são animadores. Não há nem um crescimento, o setor está numa situação de pequena queda."

Vários setores estão acumulando resultados negativos e há pouca expectativa de retomada — Foto: Celso Tavares/G1

O ponto mais preocupante é que os resultados negativos estão se acumulando em vários segmentos e há pouca expectativa de retomada - ao menos por ora. A produção industrial do setor têxtil e de vestuário, por exemplo, recua há quatro trimestres seguidos.

"O país não está crescendo e falta demanda. As pessoas estão com medo, e os empresários estão aguardando. A economia não anda com tanta incerteza", diz o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Fernando Pimentel.

No chão de fábrica, os empresários estão sendo obrigados a promover uma série de ajustes na sua produção para conseguirem sobreviver. Dono da Anfra Tecidos, o empresário Ramiro Palma reduziu a sua produção e diminuiu o quadro de funcionários de 65 para 50.

"As empresas estão fazendo a lição de casa dentro do possível, repensando o negócio, procurando novas formas de trabalhar, novos produtos e nichos de mercado. Tudo para minimizar o impacto da crise", afirma Palma.

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