CNH Industrial pede competitividade, oferece exportação e nacionalização

Linha de produção de tratores agrícolas da CNH Industrial no Brasil: oportunidade para fornecedores nacionalizarem componentes e exportar para outras unidades do grupo

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 16/09/2020 - 20:45
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Ao sinalizar aos seus fornecedores no Brasil e na América do Sul a necessidade de buscar mais competitividade internacional, o grupo CNH Industrial destaca a oportunidade que a conjuntura econômica oferece de nacionalizar mais componentes para sua produção local de máquinas agrícolas e de construção Case e New Holland, caminhões e ônibus Iveco e motores da FPT Industrial. Além disso, também abre a possibilidade de exportar para unidades da companhia no mundo todo. Essa foi uma das principais mensagens às empresas da cadeia de suprimentos da CNH na região durante a cerimônia virtual de premiação do Suppliers Excellence Awards 2020 na noite da terça-feira, 15.

    Para Cláudio Brizon, diretor de compras da CNH Industrial na América do Sul, diante do quadro da pandemia de coronavírus que fechou muitas fábricas no exterior, em combinação com a desvalorização cambial que deixa produtos brasileiros com preços internacionais mais competitivos, o momento é favorável para nacionalizar componentes e estimular as exportações para equilibrar os custos e complementar o faturamento prejudicado pela crise.

    “Temos de aproveitar a desvalorização cambial para aumentar as exportações. Mas para isso é fundamental o foco em aumento da competitividade, capacidade produtiva e qualidade. Somos uma empresa global e este é o momento de fazer negócios com nossas várias unidades no mundo, não importa se sua empresas é global ou nacional. Vamos olhar os aspectos positivos da flutuação econômica e tirar proveito deste momento”, avalia Cláudio Brizon.



    O executivo conta que no segundo trimestre deste ano, logo após o impacto da pandemia, a CNH indiciou um projeto para oferecer a diversas unidades do grupo componentes feitos por fornecedores no Brasil. Em uma primeira fase, seis fornecedores já foram habilitados e antes do fim de 2020 vão começar a exportar para duas fábricas nos Estados Unidos e duas na Europa.

    “O projeto exportador é antigo, mas nunca tivemos um ambiente tão favorável para isso como agora”, explica Brizon. “A pandemia e o dólar acima dos R$ 5 aceleraram esse processo”, completa.

    Mas antes do atual projeto a CNH já tinha exemplos de iniciativas de sucesso. Uma delas foi de uma das empresas premiadas por qualidade este ano no prêmio de fornecedores. A Agropertences, do Rio Grande do Sul, há cerca de três anos participou do desenvolvimento de uma colheitadeira de arroz e desenhou no País um novo rotor para a máquina, com melhor custo. Deu certo e a empresa começou a exportar a peça para fábrica do grupo CNH na Polônia.

    MAIS NACIONALIZAÇÃO, MAS SEM PERDER A COMPETITIVIDADE



    No Brasil, ao contrário, o plano é seguir prestigiando a cadeia nacional de suprimentos. “Sempre tivemos a estratégia de produzir com o máximo possível de componentes locais, até para evitar problemas logísticos, mas claro que a desvalorização cambial estimula ainda mais a nacionalização. A ideia é importar somente itens que não tem escala de produção local”, afirma Brizon.

    Segundo o diretor de compras, atualmente as máquinas e veículos produzidos pela CNH no Brasil e Argentina têm índice médio de nacionalização superior a 70%, com variações dependendo do produto de 40% a 80%. “Também precisamos desse índice alto de localização para que nossos produtos possam ser financiados pelas linhas do BNDES/Finame”, explica.

    Contudo, o diretor destaca que segue sendo essencial aumentar a competitividade, seja para fornecer aqui ou no exterior. “Não é só preço baixo e redução de margem, buscamos iniciativas que agregam valor. Peço para cada fornecedor reexaminar sua produção, encontrar e eliminar desperdícios, aumentar a produtividade, isso é fundamental para manter a saúde de toda a cadeia”, defende.

    Um dos instrumentos que Brizon vem oferecendo aos fornecedores é o WCM (World Class Manufacturing), sistema de produção global adotado desde o início dos anos 2000 pelas empresas do antigo Grupo Fiat, hoje dividido em FCA e CNH Industrial. O sistema institui as melhores práticas de manufatura conhecidas para aumentar a produtividade, além de auditar e classificar as fábricas em categorias de excelência bronze, prata e ouro (em ordem crescente). “Gostaria de expandir mais essa ferramenta na cadeia, acho que os fornecedores deveriam explorar mais o WCM aqui”, indica.