Por Daniel Silveira, Luiz Guilherme Gerbelli e Paula Salati, G1 — Rio de Janeiro e São Paulo


G1 acompanha empresários desde o início da pandemia — Foto: Foto G1

Há cinco meses, o G1 acompanha empresários e empreendedores tentando sobreviver à crise que veio no arrasto da pandemia do coronavírus. Ao longo desse tempo, alguns demitiram, vários suspenderam o contrato de seus funcionários, muitos transformaram seus negócios para seguir com algum faturamento.

Nesta quarta série de entrevistas, pela primeira vez um deles não conseguiu continuar, e fechou as portas definitivamente.

A crise, que já abateu milhares de empresas em todo o país, e deixou um rastro de desemprego, vem representada nas histórias dessas e de tantas outras pessoas, e nos números da economia: nesta terça-feira, o IBGE divulgou o pior desempenho do PIB em toda a história: um tombo recorde de 9,7% no segundo trimestre deste ano.

Relembre as histórias desses empresários:

E veja os novos depoimentos abaixo:

'Tivemos que demitir parte dos funcionários'

Entrevista com Younes Bari

Entrevista com Younes Bari

Depois de quase seis meses, o bar Kaia voltou a receber os clientes dentro da casa no final de agosto, na esperança de recuperar o faturamento, que chegou a cair cerca de 80% desde o início da pandemia. Além do sistema de entregas por aplicativo, foi montada uma ‘barricada’ na frente do bar para vender lanches. Porém, as duas alternativas não estavam compensando a operação.

“Tivemos que demitir parte dos funcionários, porque não estávamos com recursos para alimentar todos esses meses parados”, diz Younes Bari, um dos sócios do empreendimento.

'Desastre total'

Entrevista com Irenildo Queiroz

Entrevista com Irenildo Queiroz

Após cerca de 100 dias de portas fechadas, o Bar do Bigode, no Rio, voltou a funcionar em junho. Mas o desempenho, segundo o empresário Irenildo Queiroz, tem sido “um desastre total”. O faturamento após a reabertura, segundo ele, não passa de 10% do registrado antes da crise.

Sem dinheiro em caixa e à espera de crédito emergencial, o empresário, conhecido pelo apelido Bigode, que dá nome ao bar, teme pelo pior: fechar as portas em definitivo.

"Gente com mais nome que eu no mercado já quebrou. Até o final do mês, vou ter que tomar uma decisão”, disse ele.

'Esperança de dias melhores'

Entrevista com Bruno Bernardo

Entrevista com Bruno Bernardo

Sócio do INK Bar e do LabOf, Bruno Bernardo teve de repensar toda a sua estratégia de negócios por causa pandemia. Com a crise, o bar chegou a perder cerca de 80% da receita. No escritório, a queda foi de 70%.

Na segunda quinzena de junho, no entanto, o LabOf passou a ter números positivos. E em agosto, Bruno reabriu o bar - e a presença física de clientes já representa 15% do faturamento do negócio, que vinha sobrevivendo a partir do delivery.

"A gente acredita muito nesse terceiro trimestre deste ano para gente poder retomar aquilo que estávamos almejando. A gente sabe que vai ser difícil, mas estamos com esperança de dias melhores", conta.

'Tivemos que fechar a empresa'

Entrevista com Pedro Roxo

Entrevista com Pedro Roxo

Sem perspectiva de uma retomada significativa do mercado de eventos, os sócios do buffet Manja Gastronomia, na zona oeste de São Paulo, decidiram encerrar as atividades neste mês, após 5 meses tentando sobreviver durante a pandemia.

Com festas canceladas desde o dia 15 de março, os sócios do buffet chegaram a implementar um sistema de entrega de refeições para tentar gerar alguma receita e manter a cozinha do buffet funcionando, durante a pandemia. Porém, o delivery não compensou toda a operação.

“Infelizmente nós chegamos no limite do nosso planejamento e tivemos que fechar a empresa”, diz um dos donos do Manja, Pedro Roxo.

Crédito foi 'a salvação da lavoura'

Entrevista com Claudia Mendes

Entrevista com Claudia Mendes

Após cerca de cinco meses faturando cerca de 30% do apurado antes da pandemia, a dona de uma rede de lavanderias na Zona Sul do Rio de Janeiro diz que voltou a ver a demanda por seus serviços subir. Mas o alívio nas contas e o ganho de fôlego do negócio só veio após conseguir um empréstimo em uma linha especial do governo, o Pronampe.

Com a ajuda, Cláudia Mendes conseguiu manter os funcionários mas teme não poder sustentar todos os 18 funcionários por muito tempo sem o faturamento voltar aos patamares de antes.

“Foi a salvação da lavoura. Com esse dinheiro conseguimos nos rearrumar, reestruturar nossas contas”, contou a empresária sobre o crédito obtido.

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