Painel S.A.

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel S.A.

Acordo Mercosul-UE beneficia setor de tecnologia, diz presidente da Ericsson

Para ele, o bloco sul-americano se beneficiará da tradição regulatória europeia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson no Brasil, diz que o acordo Mercosul-UE beneficia empresas de tecnologia, que veem no horizonte mais integração de padrões de segurança e de proteção de dados pessoais.

“Com certeza, teremos um olhar diferente sobre esses assuntos, além de um alinhamento de políticas públicas nas regiões”, diz.

A América do Sul poderá usufruir de maior diálogo com a tradição regulatória europeia, que foi atualizada em 2018 e serviu de base à lei de proteção de dados brasileira, em vigor em 2020.

A Ericsson está na expectativa do leilão de 5G, no ano que vem. A preocupação com outras multinacionais competitivas “é a mesma de sempre, não mudou”, diz Ricotta. “O que precisamos é de um leilão que não seja focado no viés arrecadatório, mas em infraestrutura”, diz ele.

A chegada do 5G no Brasil segue o cronograma de outros países, segundo ele, e deve ser determinante para investimentos estrangeiros no país na próxima década.

Estrutura com fibras ópticas - Gabo Morales - 21.jan.13/Folhapress

Qual a expectativa do setor de tecnologia com o acordo UE-Mercosul?
Há dois pontos super importantes: uma maior integração entre as regiões e um aumento de competitividade da indústria. Temos que ver como será o escalonamento de redução de impostos, mas vai deixar indústria mais competitiva.

Fazemos muita política pública para proteger o que temos aqui, mas temos que olhar para fora. No mundo globalizado, temos de ser mais competitivos na China, no Japão, na Europa.

Que tipo de integração?
União de segurança cibernética entre os países da União Europeia e da América do Sul: adoção de padrões do mercado europeu e aproximação do ambiente digital entre as duas regiões. A questão de proteção de dados pessoais também deve ser impactada, que é um ponto super importante.

Com certeza teremos um olhar diferente sobre privacidade. Outro impacto pode até ser a ausência de tarifas de roaming internacional. Trata-se de um alinhamento das políticas públicas. É um acordo que levou mais de 20 anos, passou por todos os governos. Nem um nem outro que fez, foi a união de vários, é muito amplo. E a redução de eliminar barreiras e impostos é positiva.

Como o Brasil se prepara internamente para ser competitivo?
Há questões políticas que precisarão ser endereçadas, como tributária, trabalhista, logística. De todas as questões, a tributária é a que temos que olhar com mais cuidado.

A expectativa do setor é grande em relação às reformas, porque com elas a economia destrava, há aumento de investimento, o PIB começa a crescer mais. Mas a reforma tributária é tão importante quanto à da Previdência, principalmente com esse tipo de abertura.

A indústria global apostava que o 5G demorasse mais, mas os dispositivos já foram lançados neste ano. Será rápido por aqui também?
Temos três pontos importantes para chegar no 5G: aumentar inovação no país, atrair investimentos --que serão altos e precisamos saber que países mais preparados terão mais investimento-- e ter um ambiente digital seguro, porque os ataques cibernéticos hoje acontecem na nuvem, por exemplo.

O Brasil está no tempo correto, não estamos defasados em relação a outros. Depois do leilão do ano que vem, teremos primeira entrega de redes e assinantes em 2020. Está bem alinhado com cronograma do resto do mundo. 

O que o senhor espera do leilão?
O 5G trará grande eficiência à indústria, teremos muito investimento em digitalização. A infraestrutura de 5G é a mais importante do próximo século.

Um país que em dez anos não tenha boa infraestrutura de 5G vai sofrer muito. Se você é multinacional e planeja investir em fábrica, não investirá em um lugar sem boa infraestrutura. Será como colocar fábrica em um país sem portos, eletricidade ou aeroporto.

É importante que o leilão não tenha um viés arrecadatório e seja focado em infraestrutura. Outro ponto é melhorar a Lei das Antenas. Temos uma morosidade muito grande em algumas cidades do país para colocar uma antena, demoramos de um a dois anos por causa da licença. Com a chegada do 5G, teremos dez vezes mais antenas do que hoje.  
 

Como está a corrida com a Huawei, que é muito competitiva?
A gente compete há 20 anos. Estamos aqui há quase um século, a empresa chegou depois de um encontro com D. Pedro II. É saudável a competição, contanto que não haja dumping na indústria, porque aí você começa a afetar toda cadeia. Agora, nossa disputa com a Huawei existe há 20 anos, não será diferente com o 5G. Ela continuará existindo e é saudável.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.