Imagens de câmeras de segurança da portaria da Embraer mostram grevistas impedindo a entrada de empregados na unidade de São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
Uma das imagens, gravada na terça-feira (24), mostra grevistas bloqueando o acesso à fábrica, na avenida Faria Lima, e o momento em que um empregado tenta furar o cordão, mas é empurrado e cai ao chão. Em outra, um funcionário é seguido por grevistas, que tentam derrubá-lo com um chute.
A greve, iniciada na terça, foi suspensa nesta quarta-feira (25) pelos metalúrgicos, que alegaram como motivo a repressão policial sofrida na porta da fábrica. Um sindicalista foi detido por desobediência e resistência.
Na terça, um grupo de cerca de 30 PMs foi chamado para a entrada da fábrica para permitir a entrada de trabalhadores que queriam furar a greve.
A lei 7.783, de 1989, prevê que “manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa”.
A paralisação, suspensa em seu segundo dia, aconteceu num momento em que a Boeing tenta selar a compra do controle da divisão de jatos comerciais da empresa brasileira.
O sindicato pede reajuste salarial de 6,37% e a preservação de cláusulas do contrato de trabalho, enquanto a Embraer propôs aumento de 3,28%, referente à inflação do período —já adiantou o valor neste mês, por conta própria.
O sindicato afirma que a Embraer pede a liberação da terceirização dentro da fábrica porque a Boeing tem interesse em acabar com essa cláusula.
A Folha não conseguiu ouvir o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região na noite desta quarta sobre os vídeos. Mais cedo, o sindicato informou que os empregados da produção decidiram em assembleia realizada no início da manhã seguir com a paralisação, mas a situação mudou quando os funcionários do setor administrativo chegaram para trabalhar.
A entidade alega que policiais militares fizeram um corredor polonês para que os funcionários entrassem na fábrica, o que fez com que o comando de greve orientasse os trabalhadores de todas as áreas a entrarem na unidade.
Ainda segundo o sindicato, dirigentes sindicais que estavam em frente ao portão principal da Embraer chegaram a ser agredidos com cassetetes pela PM. Para a entidade, a PM agiu com truculência e a medida foi um crime contra o direito à greve. O sindicato diz ainda que a paralisação pode voltar a qualquer momento.
A Embraer, por sua vez, informou que a negociação, que está sendo comandada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) segue em andamento.
MEDIAÇÃO
A Polícia Militar informou nesta quarta, por meio de sua assessoria, que foi acionada por funcionários da Embraer que queriam ingressar na empresa e estavam sendo impedidos pelos sindicalistas
"Não alcançando êxito foi necessária a intervenção policial para preservação da ordem pública", diz trecho de comunicado da polícia. “A Polícia Militar é uma instituição legalista e trabalha para preservar o cumprimento dos direitos fundamentais, respeitando e garantindo todos os direitos, inclusive o direito de greve e o direito de ir e vir dos funcionários", disse a PM.
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