Vendas de importadores desabam e Abeifa teme pela sobrevivência dos associados

João Oliveira, presidente da Abeifa: dólar alto e pandemia podem inviabilizar negócios das empresas associadas

Por REDAÇÃO AB
  • 02/04/2020 - 13:21
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Se a exponencial alta do dólar nos últimos meses já tinha retraído severamente a venda de veículos importados no mercado brasileiro, a chegada da pandemia de coronavírus tornou os negócios ainda mais difíceis. As 15 marcas filiadas à Abeifa, entidade que reúne importadores e fabricantes com algumas operações de montagem no País, registraram apenas 2.090 emplacamentos em março (1,34% do total de carros vendidos no Brasil), número que representa expressivas quedas de 21,7% em relação a fevereiro passado e de 17,2% ante o mesmo mês de 2019.




    A Abeifa divulgou os números de seus associados na quinta-feira, 2, destacando que o total de veículos vendidos em março faz o setor regredir a patamares de abril de 2017, período ainda sob a regulação do Inovar-Auto, que aplicava 30 pontos adicionais de IPI a carros importados acima de uma cota máxima de 4,3 mil unidades por importador.

    Com os resultados do mês passado, os importadores associados à Abeifa somaram vendas de 7.165 modelos importados no primeiro trimestre de 2020, o que representa retração de 4,4%: comparativamente aos mesmo três meses de 2019.

    “Com a valorização do dólar de 30,7%, somente no período de 2 de janeiro de 2020 ao dia de ontem (1º de abril), o setor de veículos importados esforçou-se ao máximo em manter os preços estáveis em reais. Por isso nos dois primeiros meses do ano obtivemos um resultado positivo. No entanto, com a declaração oficial da OMS, no dia 11 de março, de pandemia do coronavírus, aliada à desvalorização cambial, as nossas vendas caíram drasticamente”, lamenta João Henrique Garbin de Oliveira, presidente da Abeifa.

    “Diante do cenário de desaceleração da economia brasileira e mundial nos próximos meses, a Abeifa está preocupada com a sobrevivência dos importadores e sua rede de concessionárias. Se confirmadas as projeções de queda nas vendas de automóveis novos este ano da ordem de 40%, como indicam altos executivos de montadoras locais, corremos sério risco também de inviabilizar unidades produtivas”, afirma João Oliveira.



    Para amenizar a situação, o presidente da Abeifa defende que o governo federal atenda o mais rápido possível o pleito dos importadores de reduzir dos atuais 35% para 20% a alíquota do imposto de importação de veículos. Oliveira avalia que a medida pode “reanimar o setor, evitar o fechamento de concessionárias e, consequentemente, impedir a dispensa de parte dos 13,5 mil trabalhadores”.

    Segundo a Abeifa, as 413 concessionárias que compõem as redes autorizadas da 15 marcas associadas estão operando conforme orientações técnicas da OMS e das autoridades brasileiras. As áreas comerciais têm procurado atender os seus clientes por meio de plataformas digitais e os prazos de revisões programadas foram estendidos.

    No trimestre, apenas três das 15 marcas de carros importados pelos sócios da Abeifa registraram crescimento de vendas: BMW +22,6%, Land Rover +53,1% e Porsche com expressivo avanço de 116,7%. Todas as demais marca apuram queda nos emplacamentos.

    PRODUÇÃO LOCAL



    Entre as associadas da Abeifa que também têm operações de montagem de veículos no País, BMW, Caoa Chery, Land Rover e Suzuki venderam em março 2.713 veículos montados em suas fábricas nacionais. O total representa queda de 6,6% em relação a fevereiro de 2020, e aumento de 10,4% ante março de 2019.

    No acumulado do primeiro trimestre, foram vendidos 8.142 veículos montados no País pelas associadas à entidade, o que significou alta de 20,4% sobre o mesmo período de 2019.

    Todo o crescimento foi puxado unicamente pela Caoa Chery, que vende no País somente modelos montados em Jacareí (SP) e Anápolis, e registrou aumento de 49% nas vendas nos primeiros três meses de 2020, com 5,5 mil unidades emplacadas.

    Todas as demais marcas de importadores que montam carros no Brasil tiveram retração nas vendas trimestrais dos modelos montados localmente: BMW -5,6%, Land Rover -19,4% e Suzuki -40,1%.



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