Selic completa um ano em 6,5% e mercado começa a indicar espaço para corte

Reunião do Banco Central foi a primeira sob o comando de Campos Neto

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São Paulo

O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros da economia em 6,50% ao ano, marcando um ano desde que a Selic chegou ao menor patamar da história. É também o período mais longo em que a taxa permanece em seu piso.

A decisão da reunião encerrada nesta quarta-feira (20) foi unânime e a era esperada pelos 39 economistas consultados pela agência de notícias Bloomberg.

Nesta que é a primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) conduzida pelo novo presidente do BC, Roberto Campos Neto, o colegiado destacou no comunicado que "cautela, serenidade e perseverança, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas".

Manter a inflação na meta, fixada em 4,25%, é a função do BC. Atualmente, a inflação em 12 meses está abaixo de 4%.

No comunicado, o BC afirmou que permanecem no cenário fatores de alta e baixa para a inflação. A pressão de baixa vem da ociosidade da economia brasileira, mas uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas poderia elevar a trajetória da inflação. O risco se intensificaria, segundo o comunicado, em caso de piora no cenário para economias emergentes.

"O Comitê avalia que o balanço de riscos para a inflação mostra-se simétrico", diz o texto que embasa a decisão de manter a Selic no atual patamar.

Economistas ouvidos pelo Banco Central semanalmente, no Boletim Focus, indicam que a Selic deverá terminar o ano em 6,50%. Pela primeira vez, nesta semana, esses especialistas indicaram que o juro terminaria 2020 em 7,75%, abaixo dos 8% projetados até a semana passada.

Há, ainda, economistas que começam a ver na fraqueza da economia brasileira espaço para a queda da Selic neste ano, com primeiros questionamentos sobre um possível corte já na próxima reunião, em maio. As previsões para o PIB de 2019, que chegaram a rondar os 3%, caminham para a faixa dos 2%.

“A retomada mais moderada da atividade amplia as chances de corte de juros em algum momento do ano”, escreveu o Bradesco em relatório publicado nesta segunda.

“A aprovação da reforma da Previdência não nos parece uma condição necessária para que haja corte de juros, desde que sua tramitação esteja avançando e as expectativas de inflação estejam abaixo do centro da meta, com câmbio comportado e ociosidade relevante na economia, condições hoje presentes no cenário”, acrescentou o banco.

O banco Fator prevê que os juros poderiam encerrar 2019 em 5,50%, um ponto percentual abaixo do atual nível.

Apesar de todas as indicações do mercado, o BC segue cauteloso, justamente pelo receio de um atraso ou mesmo a não aprovação da reforma da Previdência, o que foi reforçado no comunicado desta quarta.

"O Comitê ressalta que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes."

Campos Neto havia sinalizado que nessa reunião não haveria espaço para mudança nos juros, mas alguns economistas começam a indicar que isso poderia ocorrer na próxima reunião, em maio. 

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