Alta do dólar traz custo extra de R$ 8 bilhões em peças importadas

É o impacto anual da desvalorização do real só no primeiro bimestre em importações de US$ 13 bilhões

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 06/03/2020 - 21:00
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Desde o início do ano a cotação do dólar subiu de R$ 4,00 para R$ 4,60. Segundo a associação dos fabricantes e veículos, a Anfavea, o impacto desta desvalorização cambial de R$ 0,60 é de aumento de custos da ordem de R$ 8 bilhões este ano, levando em conta as importações de componentes de cerca de US$ 13 bilhões. O presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, afirma que é a favor do câmbio flutuante, mas teme que tamanha volatilidade possa reverter a frágil recuperação da economia, com danos evidentes aos resultados da indústria automotiva.



    “O impacto de R$ 8 bilhões pode ser ainda maior se a desvalorização continuar nesse ritmo. Somos a favor do câmbio flutuante, mas em momentos de volatilidade intensa como agora é preciso fazer algo para conter a instabilidade”, afirma Luiz Carlos Moraes.



    O presidente da Anfavea disse que esteve esta semana com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e externou a preocupação do setor com o derretimento do real – a moeda que mais se desvalorizou no mundo no primeiro bimestre do ano. Contudo, Moraes não tem nenhuma sugestão de medida objetiva para conter a desvalorização cambial: “O Banco Central tem instrumentos para isso, deve saber o que fazer”, contornou.

    PREOCUPAÇÃO COM INSTABILIDADE



    Durante a coletiva mensal da Anfavea para divulgação dos resultados da indústria, mesmo sem citar diretamente nenhum membro da desastrada administração federal, Moraes deixou claro o desconforto do setor com a instabilidade que vem sendo causada pela atual gestão, com declarações e movimentos políticos que alimentam incertezas e a própria volatilidade cambial.

    “Basta ver os índices de confiança do consumidor e da indústria, que vinham melhorando e estão voltando a piorar. Isso acontece porque qualquer instabilidade afeta a expectativa e baixa a confiança. Alguma coisa precisa ser feita quanto a isso. É preciso fazer um pacto pela estabilidade, com menos barulho de Brasília, menos instabilidade política e mais crescimento”, defende Luiz Carlos Moraes.



    O presidente da Anfavea afirmou que “não houve nenhuma surpresa com o baixo crescimento do PIB em 2019” divulgado esta semana, calculado em 1,1%. “Era exatamente isso o que esperávamos, mas essa volatilidade e instabilidade toda não ajuda em nada a retomar o crescimento”, resumiu.