Trabalhadores da GM mantêm greve geral nos EUA

Montadora e sindicato local não chegam a acordo; 48 mil metalúrgicos estão parados há dois dias

Por REDAÇÃO AB
  • 17/09/2019 - 20:07
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
  • um minuto de leitura
    Cerca de 48 mil trabalhadores da GM mantiveram os braços cruzados na terça-feira, 17, segundo dia de greve geral nos Estados Unidos e que foi convocada no domingo pelo United Auto Workes (UAW), sindicato da categoria. Esta é a primeira paralisação nacional dos metalúrgicos da General Motors no país em 12 anos, desde que a empresa entrou em recuperação judicial após uma profunda crise financeira.

    Na segunda-feira, representantes do sindicato e da empresa negociaram, mas não chegaram a um acordo. Segundo informações do site Automotive News, a reunião durou 11 horas e após uma pausa, o vice-presidente do UAW, Terry Dittes, teria dito à agência de notícias Bloomberg que os lados permaneceram distantes em várias questões.

    O UAW tem confrontado a GM para impedir o fechamento de fábricas de veículos em Ohio e Michigan e defende maiores salários aos metalúrgicos argumentando que a empresa acumula anos de lucro recorde na América do Norte. Por sua vez, a GM diz que o fechamento das fábricas é necessário e que os salários e benefícios aos trabalhadores da UAW são caros se comparados com fábricas não sindicalizadas no sul do país.

    Os trabalhadores também querem que a GM e as outras montadoras compensem as concessões que o sindicato concordou durante a crise financeira para ajudar a mantê-las. “Eles não abordaram todas as concessões que tivemos que fazer nos últimos anos, as coisas que desistimos para que a empresa se tornasse lucrativa novamente”, disse um dos metalúrgicos em entrevista ao Automotive News.

    Em comunicado a montadora disse que sua oferta aos trabalhadores incluía mais de US$ 7 bilhões em investimentos, 5.400 empregos, a maioria novos, aumentos de salário, benefícios melhores e ratificação de bônus contratual de US$ 8 mil. “Negociamos de boa fé e com senso de urgência”, afirmou a montadora em nota.

    A greve será uma prova de fogo tanto para o UAW quanto para a GM e sua presidente-executiva Mary Barra em um momento em que a indústria de veículos dos EUA está enfrentando desaceleração de vendas e aumento de custos com o desenvolvimento de veículos elétricos. Atualmente, a GM tem 12 fábricas para a montagem de veículos, outras 12 de motores e transmissões e uma série de outras instalações como estamparia espalhadas por todo o país norte-americano.

    Analistas ouvidos pelo site Automotive News dizem que uma greve de curto prazo não é um risco de crédito, mas uma paralisação longa pode resultar em erosão da liquidez. Um deles afirmou que se a greve chegar a 10 dias, a economia do sudeste do Michigan entrará em recessão.

    "Já conhecemos fornecedores contratados que são afetados, de forma anedótica. Lugares que dependem da economia da GM já existe um efeito. Se [a greve] chegar ao fim da semana, começaremos a ver avisos adicionais nos principais fornecedores, e é aí que as coisas ficam ruins”, disse à Automotive News Patrick Anderson, CEO do Anderson Economic Group em East Lansing, Michigan.