Venda de máquinas agrícolas perde força em abril

Fim dos recursos de financiamento do Moderfrota puxou resultado para baixo

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 07/05/2019 - 19:34
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    O mercado de máquinas agrícolas perdeu significativa velocidade em abril, com 3,7 mil unidades vendidas, que resultou em queda de 17,5% sobre março e retração de 25% em relação ao mesmo mês do ano passado. Com isso, o desempenho do primeiro trimestre, que apontava crescimento de 23,5%, caiu para 6,4% na soma dos primeiros quatro meses de 2019, com 12,4 mil máquinas comercializadas no atacado. Os números foram divulgados na terça-feira, 7, pela associação dos fabricantes, a Anfavea.

    “O fim [dos recursos] do Moderfrota [em março] afetou as vendas em abril, mesmo com a injeção extra de R$ 500 milhões anunciados já no fim do mês passado”, explica Luiz Carlos de Moraes, presidente da Anfavea.



    O último Plano Safra – incluindo a linha Moderfrota de financiamento do BNDES para compra de maquinário agrícola – envolveu recursos de R$ 8,6 bilhões ao agronegócio, que foram esgotados antes do início do próximo programa, marcado para ser anunciado em 12 de junho. Os bancos privados também têm entrado com maior apetite para financiar o setor, mas com taxas e prazos menos atraentes.

    “Existe esforço dos bancos para emprestar mais no segmento, mas não é suficiente para cobrir os programas públicos. O produtor é muito refratário a taxas variáveis, pois isso acrescenta mais uma incerteza às muitas que ele já tem”, avalia Ana Helena de Andrade, diretora da AGCO e vice-presidente da Anfavea.

    Apesar da falta de recursos público para o financiamento de máquinas no segundo trimestre, o setor avalia que o segundo semestre será reaquecido suficiente para alcançar a projeção da Anfavea para 2019 inteiro, que é de expansão sobre 2018 de 10,9% nas vendas internas, equivalente a 53 mil unidades comercializadas. “Existe alto potencial de mecanização do campo no Brasil, as máquinas em uso têm idade avançada, por isso a tendência é de crescimento”, destaca Ana Helena Andrade.



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    EXPORTAÇÃO E PRODUÇÃO EM BAIXA



    As exportações de máquinas fecharam o primeiro quadrimestre do ano em baixa de 2,7% sobre o mesmo período de 2018, com 3,9 mil unidades embarcadas. A pequena retração, mesmo com a forte recessão na Argentina, explica-se pela dependência bem menor do país vizinho para as vendas externas do setor, que exporta mais a outros países, principalmente Estados Unidos.

    Em valores, as vendas externas dos fabricantes de máquinas no Brasil somaram US$ 993,5 milhões nos primeiros quatro meses de 2019, em queda de 15,6% ante 2018 – tombo porcentual bem menor do que a retração de 48,4% no faturamento em dólares dos exportadores de veículos.

    Com a perda de força do mercado doméstico e exportações apontando para baixo, a produção nacional de máquinas de janeiro a abril somou 15,3 mil unidades, em retração de 9,9% na comparação com igualo intervalo do ano passado.