Falta de competitividade compromete indústria brasileira

Brasil combina a baixa produtividade de nações em desenvolvimento com o baixo crescimento de países desenvolvidos

Por MÁRIO CURCIO, AB
  • 22/04/2019 - 20:58
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    A falta de competitividade coloca a indústria brasileira em xeque diante de seus concorrentes mundiais. O problema ficou evidente no Encontro da Indústria de Autopeças, realizado pelo Sindipeças na segunda-feira, 22.

    Durante o painel “Inserção competitiva”, o diretor do Boston Consulting Group, Nélson Gramacho, alertou os participantes do evento: “O Brasil combina a baixa produtividade de economias em desenvolvimento com o baixo crescimento do mundo desenvolvido.”

    Em sua apresentação, Gramacho identificou quatro medidas necessárias para que a indústria de autopeças brasileira aumente sua produtividade:

    Eficiência operacional, que requer aumento de automação, redesenho de processos, otimização da cadeia de suprimentos e revisão de suas áreas de atuação;

    Eficiência comercial, que exige otimização da rede de distribuidores, medidas para aumento da força de vendas e precificação apropriada;

    Eficiência do capital, que obriga à otimização do investimento em bens de capital e melhora dos ativos imobilizados;

    Eficiência organizacional, obtida sobretudo a partir de simplificação organizacional e revisão do escopo e níveis de serviço.

    “Com essas medidas é possível obter 20% de aumento da produtividade e 30% de aumento da força de vendas, com redução de 20% nos níveis de estoque”, afirma Gramacho, do BCG.





    O painel “Inserção competitiva” também contou com a presença do professor Sérgio Lazzarini, do Insper, que advertiu: “As políticas industriais adotadas no Brasil têm sido pouco efetivas.” Ele usou como exemplo o Simples, regime tributário simplificado que trouxe benefícios a pequenos fabricantes, mas, como consequência, há várias empresas que não querem crescer para não perder as vantagens que o Simples traz.

    Lazzarini propõe a necessidade de políticas industriais mais criteriosas e sujeitas a algum tipo de avaliação.

    O QUE FEZ A MARCOPOLO PARA MUDAR


    No mesmo painel do evento, a Marcopolo revelou o que fez para enfrentar o período de crise e planejar a expansão de seus negócios. A fabricante de carrocerias adotou processos mais enxutos em todas as áreas da empresa, promoveu a otimização das fábricas, adotou programas de redução de custos, ampliou a verticalização e criou dentro de uma das plantas um centro de fabricação de componentes.

    “Também estamos olhando com bastante atenção para a eletromobilidade”, garante o diretor da Marcopolo, André Armaganijan.



    Em seu plano Marcopolo 2023, a meta não é apenas crescer no mercado interno, mas ampliar as exportações e suas operações internacionais. A companhia tem atualmente cinco fábricas no Brasil e outras 11 fora do País. Recentemente, a Volgren, divisão australiana da companhia, fechou um contrato de fornecimento local de 900 ônibus. A Marcopolo tem atualmente 9% de participação em um mercado mundial de 430 mil ônibus vendidos por ano.