Banco suíço se encontra com liderança de caminhoneiros para entender setor

Dedeco participa de almoço com funcionários e investidores do Credit Suisse para falar sobre interesses da categoria

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São Paulo

O caminhoneiro Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, pegou um avião de Curitiba (PR) para São Paulo para participar de um almoço com analistas e investidores do banco suíço Credit Suisse.

Ele diz que aceitou o convite para ir “lá defender o interesse dos caminhoneiros autônomos”.

Alves estava na última reunião entre a categoria e o governo Jair Bolsonaro (PSL), que evitou uma nova paralisação no dia 29 de abril. O almoço foi nesta quinta-feira (2).

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Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, é uma das lideranças dos caminhoneiros; ele mora em Curitiba (PR) - Danilo Verpa/Folhapress

A paralisação foi um dos temas abordados durante o almoço. “Se estavam preocupados com uma nova greve, agora eu deixei eles com mais medo ainda”, afirmou.

Para o motorista, o governo corre o risco de uma enfrentar uma nova paralisação enquanto a tabela do frete não estiver sendo cumprida e fiscalizada.

Na quarta-feira (2), a ANTT publicou uma nova decisão liberando de multa os caminhoneiros que transportarem ou denunciarem empresas que não cumprem o piso.

Na reunião com a categoria, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também afirmou que aumentará a fiscalização nas estradas.

Na terça, ele chegou a enviar para os líderes de caminhoneiros vídeos gravados pelos fiscais da ANTT mostrando que estavam nos postos de fiscalização.

Segundo Alves, o Credit Suisse quer entender a situação do caminhoneiro e saber como a categoria pensa a respeito do preço do diesel, do piso mínimo do frete e das recentes ações do governo Bolsonaro para o setor.

No almoço, estavam quatro analistas do banco e quatro clientes da área de investimento. O encontro aconteceu em um bairro nobre de São Paulo.

A principal preocupação de Alves foi falar sobre o impacto das grandes transportadoras, que têm frotas próprias, na demanda de serviço dos motoristas autônomos. Segundo ele, essas companhias têm “passado por cima deles e sufocado o mercado”.

“Depois de três ou quatro anos, elas vão querer trocar a frota, mas não vão conseguir vender. Porque só autônomo compra caminhão usado no Brasil”, afirma.

Para ele, sem conseguir trabalho, os motoristas não terão dinheiro para trocar de caminhões, normalmente, revendidos pelas transportadoras. E, assim, de acordo com a lógica do caminhoneiro, essas companhias começarão a prejudicar o seu próprio lucro.

A intenção do motorista é que os investidores pressionem as empresas nas quais investem para que elas trabalhem em parceria com os caminhoneiros.

“Eu não investiria em uma transportadora que não tenha 30% ou 40% de autônomos parceiros ou agregados”, disse Alves.

Segundo a Folha apurou, reuniões entre analistas e representantes de entidades e categorias fazem parte da rotina do banco para afinar a projeção de cenários.

Alguns são eventos de porte para um grande número de investidores; outros, encontros reservados, como o que ocorreu com o representante dos caminhoneiros.

O banco não quis se manifestar. Segundo Alves, as despesas da viagem foram custeadas por ele.

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