Para Volvo, caminhões elétricos têm alto potencial no Brasil

Companhia vai lançar modelos com nova propulsão no mercado local, mas ainda não definiu quando

Por GIOVANNA RIATO, AB | De Gotemburgo (Suécia)
  • 10/12/2019 - 15:30
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
  • 2 minutos de leitura

    A Volvo começou a vender caminhões elétricos no mercado europeu em novembro deste ano e garante que a oferta da tecnologia não vai ficar restrita ao Velho Continente. “Vamos levar a novidade para os clientes brasileiros”, assegura Roger Alm, presidente global da Volvo Trucks. Quando se trata de estimar quando isso deve acontecer, no entanto, o executivo prefere não entrar em detalhes.

    “Ainda não temos data. Primeiro vamos ver quais são os resultados da operação aqui na matriz e depois entender as possibilidades”, disse durante apresentação do FL e do FE elétricos à imprensa em Gotemburgo, na Suécia, na terça-feira, 10.

    Marco Mildenberg, gerente de estratégia de produto da companhia no Brasil e responsável pelo estudo das possibilidades para veículos elétricos e autônomos no mercado local diz que já existe demanda por este tipo de veículo no País. “Há alguns clientes vanguardistas, que se interessam pela novidade, além de empresas que têm compromisso grande com a sustentabilidade e gostariam de incorporar a solução, ainda que inicialmente seja mais cara”, conta.

    Mesmo sem data definida, o executivo diz que a chegada de caminhões elétricos no Brasil deve seguir a lógica de começar com a venda dos veículos importados para, em um segundo momento, partir para a nacionalização da produção.

    Segundo ele, os preços serão mais elevados no começo, mas essa diferença poderá ser equalizada em uma série de operações em que o custo total de propriedade (TCO) do elétrico fica mais baixo que o de um veículo a combustão. Além disso, ele admite que a eletrificação pode fomentar também o surgimento de novos modelos de negócio, como o leasing do caminhão para o cliente, no lugar da venda.

    O DESAFIO DE OFERECER UMA BOA REDE DE RECARGA


    Mildenberg aponta que um dos aspectos que colocam o mercado brasileiro na rota de lançamento dos caminhões elétricos em curto e médio prazos é a oferta local de energia limpa. “Temos aqui uma vocação para isso”, diz. Já entre os desafios está um obstáculo comum ao mundo todo: a rede de recarga.

    “Oferecer uma estrutura de abastecimento vai demandar investimento. Ainda que seja privado, feito pelos próprios clientes, isso requer algum tempo”, diz.

    A Volvo entende que a infraestrutura de recarga de caminhões precisará atender a três situações. A primeira – e mais comum - é o reabastecimento na própria garagem do dono da frota, que deve responder entre 70% e 80% dos casos. “Estamos falando de uma recarga longa, até 12 horas, durante a noite em um ambiente privado”, esclarece Anders Berger, diretor de relações públicas da empresa.

    Outra oportunidade está nos centros logísticos, quando ocorre a carga e descarga do veículo. O executivo indica que é nesta situação que devem ser realizados 10% a 20% dos reabastecimentos da bateria, com tempo variando de 30 a 90 minutos. A terceira possibilidade é a recarga totalmente pública, nas ruas e estradas.

    Este último caso atenderá a uma minoria de até 10% da demanda, com equipamento ultrarrápido que reabastece completamente em até 45 minutos. “É uma situação difícil porque pressupõe uma parada na operação do veículo e demanda uma vaga para estacionar um caminhão – o que não é fácil em centros urbanos, por exemplo. De qualquer forma, é algo necessário para garantir flexibilidade ao sistema”, diz Berger.

    AS VANTAGENS DA ELETRIFICAÇÃO


    Além da possibilidade de reduzir as emissões de poluentes em uma série de situações e atender a metas ambientais, a Volvo aponta que os caminhões elétricos concentram uma série de outras vantagens. Entre elas está a potencial redução do custo de propriedade em determinadas aplicações e o aumento do conforto para o motorista.

    Sem o motor a diesel, os veículos são bastante silenciosos e têm nível quase imperceptível de vibração. “Depois de horas de trabalho faz enorme diferença”, diz um condutor que tem rodado com um caminhão elétrico da marca há oito meses em um projeto piloto de entrega de mercadorias em Gotemburgo.

    O silêncio dos veículos e a ausência de emissões de poluentes do escapamento também abrem uma gama de oportunidades de uso. “Teremos mais aplicações noturnas de entrega e também de coleta de lixo, por exemplo. Os veículos poderão até mesmo descarregar a mercadoria em ambientes internos, como centros comerciais, já que não poluem”, diz Mildenberg.