Renault intensifica parceria com Cubo para se aproximar de startups

Companhia inaugura espaço de inovação no centro de empreendedorismo do Itaú

Por GIOVANNA RIATO, AB
  • 20/04/2019 - 15:15
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Para gerar inovação, a Renault se aproxima do ecossistema empreendedor do Brasil. A companhia vai passar a contar com um espaço próprio dentro do Cubo, centro do Itaú e da Redpoint Ventures que abriga 40 startups na Vila Olímpia, em São Paulo, e tem como uma de suas principais competências justamente o fomento de negócios entre grandes corporações e jovens empreendimentos.

    “Nosso grande objetivo é gerar conexão. Atualmente a empresa de sucesso não é aquela que desenvolve tudo em casa, mas a que melhor sabe orquestrar diferentes parcerias para inovar”, diz Renata Zanetto, head de ecossistema do Cubo.

    Segundo ela, o “namoro” entre a iniciativa do Itaú e a Renault é longo. A fabricante de carros já desenvolvia alguns projetos ali, mas só agora vai criar seu espaço físico, o Renault Lab, e se firmar como uma das organizações mantenedoras do hub de inovação.

    PARCERIA ENTRE RENAULT DO BRASIL E ALLIANCE VENTURES


    A decisão de fincar raízes no Cubo foi tomada em conjunto pela Renault do Brasil com a Alliance Ventures, fundo de capital de risco da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. “Foi um co-investimento”, conta François Dossa, presidente da divisão de venture capital da companhia, que veio ao Brasil para o lançamento do novo projeto. Lançado em março de 2018, o fundo é o mais generoso da indústria automotiva, com US$ 1 bilhão destinado ao investimento em startups com soluções promissoras para a companhia.

    “Em um ano já compramos participação em 11 empresas”, conta. A prioridade, segundo o executivo, é encontrar empresas que tenham tecnologias relevantes para a nova mobilidade, como soluções para carros autônomos, elétricos, plataformas de serviços de mobilidade e, ainda, sistemas para digitalizar a própria organização internamente, levando agilidade e reduzindo custos.

    “Em um futuro próximo ninguém vai comprar carro. Por isso estamos trabalhando para transformar o nosso negócio, para encontrar novas soluções”, diz Dossa.

    Segundo o executivo, a interação com as startups é algo bastante novo e desafiador para uma corporação com a história e as dimensões da Aliança, que tem 475 mil funcionários no mundo. Ainda assim, ele garante que nesse pouco tempo de aproximação deste ecossistema, já é possível perceber uma série de benefícios potenciais. “O trabalho com startups nos permite reduzir custos, diminuir gap tecnológico, acelerar o tempo de lançamento de novas soluções, encontrar e atrair talentos, além de gerar novos modelos de negócio.

    O QUE AS STARTUPS BRASILEIRAS TÊM A OFERECER AO SETOR AUTOMOTIVO?


    Desde a criação da Alliance Ventures, a estratégia é garantir que o fundo tenha presença global. A divisão possui seis filiais, incluindo presença nos maiores polos de inovação do mundo, como Vale do Silício, nos Estados Unidos, Pequim, na China, e Tel Aviv, em Israel. Agora, com a presença no Cubo, Dossa espera encontrar soluções relevantes das startups brasileiras. “A nossa abordagem de inovação precisa ser global – aproveitando as tendências globais, mas trabalhando localmente para que elas funcionem aqui”, diz. E prossegue:

    “No Brasil não esperamos encontrar as maiores startups de deep tech, mas devemos achar aqui boas soluções de software e de negócios, que é o que o País faz bem.”

    Segundo ele, ainda que a maior parte dos saltos tecnológicos e científicos necessários para criar a nova mobilidade venham de fora, há espaço amplo para pavimentar a evolução destas soluções no Brasil. “Já trabalhamos com 10 startups localmente”, diz, citando como exemplo empresas de serviços para ganhar agilidade na área jurídica e de recursos humanos. “Há espaço para aumentar muito esta colaboração a partir da nossa presença no Cubo”, conclui.