Governo tenta evitar greve de caminhoneiros com nova linha de crédito do BNDES

Com um total de R$ 500 milhões e limite de R$ 30 mil por profissional autônomo, recursos serão destinados à manutenção e compra de pneus

Por REDAÇÃO AB
  • 16/04/2019 - 18:23
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Temendo a ameaça de uma nova greve dos caminhoneiros, o governo anunciou na terça-feira, 16, um pacote de medidas que visam beneficiar a categoria, entre elas, uma linha de crédito de R$ 500 milhões do BNDES com um limite de até R$ 30 mil para cada profissional autônomo. Os recursos serão dedicados à manutenção dos caminhões e compra de pneus.

    Segundo o governo, o crédito poderá ser acessado primeiro via bancos públicos e depois nos demais bancos e cooperativas de crédito. O limite de R$ 30 mil será por CPF que possua até dois caminhões. Segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que fez o anúncio durante uma coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, o crédito não subsidiará a compra de novos veículos. Também disse que o dinheiro a ser utilizado virá de contribuições de cada ministério. No entanto, não ficou claro se o crédito será oferecido com taxas subsidiadas.

    Além disso, também anunciou um total de R$ 2 bilhões que serão realocados para o Ministério de Infraestrutura destinados à rodovias em todo o País, dos quais cerca de R$ 900 milhões serão utilizados para recuperação e manutenção, incluindo obras de pavimentação da BR-163/PA até o porto de Mirituba (PA), que liga o Centro-Oeste ao Norte do País, além da conclusão de 69 km de duplicação da BR-116, duplicação de 84 km da BR-101/BA e construção de oito pontes de concreto em substituição às de madeira na BR-242/MT, entre outras obras.




    O anúncio vem quase uma semana após a suspensão do aumento médio do diesel em 5,7% previsto pela Petrobras, que desistiu do ajuste a pedido do próprio presidente, Jair Bolsonaro, indo contra sua própria declaração de que a estatal era independente para tomar decisões em sua política de preços. Uma outra reunião entre o presidente e seus ministros na tarde desta terça-feira está tratando da política de preços da Petrobras para alinhar a postura do governo. Um dia após o recuo da estatal sobre o aumento do diesel, a Petrobras perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado na bolsa.

    Ao jornal Folha de S. Paulo, a CNTA, Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, declarou que a medida é “esmola” e não contempla as principais reivindicações da categoria, como o cumprimento do tabelamento do frete e redução do preço mínimo. À publicação, o presidente da entidade, Wanderlei Alves, não descartou uma nova paralisação.

    “Nada do que o ministro da Infraestrutura anunciou hoje nos ajuda. É um avanço conseguir pegar dinheiro do BNDES? É, mas hoje, mais da metade dos caminhoneiros está com o nome sujo. Nós vamos conseguir pegar esse crédito?”, declarou ao jornal.

    Além disso, Alves disse que a categoria está se mobilizando para uma paralisação no dia 21 de maio: “Isso se não parar antes, se houver aumento do [preço] do diesel”, afirmou.