Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Acordo entre Mercosul e UE ocorre em período de queda da relação comercial

Concretização das negociações entre as duas regiões, porém, vem em boa hora

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O acordo Mercosul-União Europeia não é para já e deverá demorar um bom tempo para os países dos dois blocos aprovarem os detalhes finais. A concretização das negociações entre as duas regiões, porém, vem em boa hora.

Os dados de comércio do Brasil, a principal economia do Mercosul, e os da União Europeia mostram contínuas desacelerações.

Neste primeiro semestre, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) aponta um recuo da participação dos países do bloco europeu para apenas 15,9% nas exportações totais brasileiras. Em igual período do ano passado, era de 17,8%.

Soja nos EUA; país vendeu mais para UE - Daniel Acker - 6.jul.18/Reuters

Os dados de comércio divulgados pela União Europeia, referentes ao Brasil, também apontam desaceleração.

Os brasileiros saíram da lista dos dez principias países fornecedores de alimentos para os europeus.
A disputa comercial entre a China e os Estados Unidos fez recentemente os americanos aumentarem as vendas de soja, produto cuja liderança mundial é do Brasil, para os europeus.

As relações Europa e Brasil também não andam boas quando o assunto é a carne. O país perdeu para a Tailândia o posto de maior exportador de carne de frango para a UE.

Quando implementado, o acordo permitirá a negociação de volume maior —apesar de abaixo das pretensões das diversas cadeias produtivas— e preços mais acessíveis, o que deverá incrementar o comércio entre as duas regiões.

A Europa perde espaço nas importações brasileiras, mas a Ásia ganha. Neste ano, os asiáticos ficaram com 40,4% do que o Brasil exportou, em dólares, acima dos 37,6% de janeiro a junho de 2018.

Americanos, canadenses e mexicanos também aumentaram a participação nos produtos colocados pelo Brasil no mercado externo.

Já a balança comercial do agronegócio perde ritmo, em relação ao ano anterior. Os dados da Secex desta segunda-feira (1º) indicam que o carro-chefe da pauta brasileira de exportação, o complexo soja, obteve receitas totais de US$ 19,3 bilhões, 13% menos do que em 2018.

As carnes “in natura” melhoraram a posição neste primeiro semestre, somando US$ 6,3 bilhões, 19% mais do que em igual período do ano passado. Outros dois produtos de destaque neste ano são milho e algodão. O café, apesar da queda de preços no mercado internacional, tem receitas acima das de 2018.

A queda de exportações da soja em quantidade e o consequente recuo do volume financeiro farão que o total das exportações deste ano fique abaixo dos US$ 103 bilhões de 2018.

Uns ganham, outros perdem

O acordo do Mercosul com a União Europeia é positivo, mas será um processo longo. Haverá ganhadores e perdedores dos dois lados. “É preciso ter maturidade para saber que alguns setores podem até desaparecer.” A afirmação é de Marcello Brito, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio).

A associação reúne a cadeia produtiva no início de agosto, em São Paulo, para discutir o mercado chinês e a sustentabilidade no Brasil, a redução dos custos no país e mecanismos financeiros para o setor.

EUA-China  Mesmo que chineses e americanos façam um acerto de contas, a confiança foi quebrada. O retorno da normalidade deve demorar anos, segundo um analista do mercado.

Produtividade  A avaliação da safra de grãos do Estados Unidos passa por uma avaliação da produtividade. O plantio avança, mas não foi feito em condições ideais.

Lição de casa  Para não perder competitividade na entrada em vigência do acordo com os europeus, governo e produtores deverão fazer uma boa lição de casa, segundo Marcello Brito, da Abag.

Lição de casa 2  O governo deverá cuidar das reduções do custo Brasil e tarifárias, enquanto os produtores terão de aumentar a eficiência e elevar a produtividade.

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