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Nota oficial: um crime em Brumadinho

O Conselho Federal de Administração (CFA) se solidariza com as vítimas e seus familiares do último crime protagonizado pela mineradora Vale, na última sexta-feira (25): o rompimento de uma das barragens da Mina do Feijão, no município de Brumadinho, em Minas Gerais. Até o momento, são quase 40 mortes confirmadas, além de centenas de desaparecidos, segundo informações oficiais.

É fundamental tratar o fato como crime, em vez de usar termos como ‘acidente’, ‘tragédia’ ou ‘desastre’. Há pouco mais de três anos, na cidade de Mariana, também em Minas Gerais, desgraça semelhante aconteceu por responsabilidade da mesma empresa. Desde então, a impunidade fomentou a perpetuação da negligência – a multa estabelecida aos responsáveis, mais de R$ 200 bilhões, está suspensa.

É flagrante o desprezo e o descaso, por parte das empresas e do próprio Estado, com a vida de milhares de trabalhadores e da população vulnerável a esse tipo de crime. O CFA lamenta que muitos setores da sociedade teimem em imputar maior valor ao capital financeiro, relegando ao segundo plano aquele que é o bem maior de quaisquer iniciativas: o capital humano.

Faz-se necessário reafirmar que a gestão responsável e eficiente deve, primordialmente, levar em consideração o impacto social de suas ações. Preservar a vida, portanto, deve ser a máxima de todo empreendimento. Sob essa diretriz primeira, análises conscientes são capazes de apontar o norte, onde vida e lucro caminham e crescem em harmonia.

Os motivos do que aconteceu em Brumadinho, em detalhes, só podem ser apontados por técnicos licenciados para tal. Entretanto, por meio de uma avaliação macro, está evidente a ausência de uma gestão austera e sistêmica – tanto do Estado quanto da Vale –, que seja verdadeiramente capaz de contemplar cada um dos sujeitos implicados na atividade em questão.

Como ente agregador de mais de 400 mil brasileiros, o CFA se põe à disposição para colaborar, ao passo que cobra explicações e soluções aos responsáveis. Tais crimes permanecerão impunes? Há um plano de prevenção para que não voltem a acontecer? Repararão a vida dos afetados e o incalculável prejuízo ambiental? O mal já se abateu; uma atitude é preponderante.

 

Adm. Mauro Kreuz
Presidente do Conselho Federal de Administração