Segmento de caminhões também sente impacto do coronavírus no Brasil

Fabricantes esperam por volumes menores de vendas nos próximos meses

Por SUELI REIS, AB
  • 06/04/2020 - 17:06
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Apesar de ter registrado um volume de vendas estável em março com relação a fevereiro, o mercado de caminhões vai sofrer os impactos da crise causada pela pandemia de coronavírus. Esta é a primeira avaliação que as fabricantes de veículos fazem com relação ao segmento ao divulgar o balanço da indústria automotiva na segunda-feira, 6, por meio de vídeo.


    Segundo o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, durante março, grande parte dos negócios são fruto das vendas diretas - quando a compra é feita pelo cliente/empresário diretamente com a montadora, sem depender tanto de concessionárias. Elas, por sua vez, tiveram que baixar as portas na segunda quinzena do mês passado por causa da quarentena.

    “Por isso ainda temos alguns setores que sustentaram os pedidos, principalmente no agronegócio, que continua operando. Mas o segmento vai ser sim impactado pela crise, porque toda a economia está em retração e isso com certeza vai reduzir as vendas de caminhões, só não sabemos ainda quanto”, disse o presidente da Anfavea.



    Os primeiros sinais de impacto da crise no mercado de caminhões já podem ser observados nos índices do desempenho das vendas em março: o volume de 6,4 mil unidades licenciadas no mês passado foi praticamente o mesmo de fevereiro, indicando estabilidade de um mês para o outro. Vale lembrar que fevereiro teve 18 dias úteis e em março foram 22. Considerando que as vendas de caminhões vinham num ritmo acelerado de crescimento, março deveria apresentar um volume maior de vendas do que fevereiro. Essa estabilidade pode indicar então o início de uma curva de queda.

    “Os volumes foram mais equilibrados entre março e fevereiro, mas o setor já está sentindo o impacto da crise”, completou Moraes.

    Na comparação com março de 2019, o volume foi 15,3% menor, uma vez que as vendas de caminhões atingiram as 7,6 mil unidades naquele mês.

    Com isso, o que se vê no acumulado de janeiro a março é que as vendas de caminhões já recuaram 6,2% com relação ao primeiro trimestre do ano passado, com 20,1 mil emplacamentos.

    O impacto também está na produção do setor, isto porque as fábricas de caminhões estão paradas por causa da quarentena como forma de preservar a saúde dos funcionários. Em março, as fabricantes fizeram 8,4 mil caminhões, volume 8% abaixo dos 9,1 mil montados em fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre, o setor contabiliza 24,7 mil unidades, o que representa estabilidade com relação ao ano passado.

    O presidente da Anfavea indica que as fabricantes não pretendem no momento fazer qualquer reavaliação de suas projeções, sejam de vendas, de produção ou de exportação de veículos.

    “Estamos no meio da crise, uma crise que é muito profunda. Não temos condições seguras para tentar fazer uma estimativa do que vai acontecer neste ano”, enfatizou.

    O executivo diz esperar um segundo trimestre muito ruim em termos de mercado e de economia como um todo, com o que ele denominou “queda substancial”. No terceiro trimestre, Moraes diz que a entidade espera ver o início de uma retomada, o que pode se confirmar ou consolidar no último trimestre de 2020.



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