Doria promete Ford na Fenatran 2021 e vai negociar renovação de frota

O governador Doria na abertura oficial da Fenatran 2019

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 14/10/2019 - 20:10
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Na cerimônia de abertura oficial da Fenatran 2019 na segunda-feira, 14, a única marca de caminhões que não exibe produtos no salão chamou mais atenção do as que montaram seus pomposos estandes no São Paulo Expo. Em seu discurso, o governador de São Paulo, João Doria, disse que a Ford estará de volta ao evento em 2021, quando acontece a próxima Fenatran. Segundo Doria, antes do fim deste mês deve ser formalizada a compra da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), que a Ford decidiu fechar no início do ano e que o Grupo Caoa confirmou sua intenção de aquisição em setembro passado.

    O negócio, que o próprio Doria ajudou a intermediar, dependia ainda da auditoria para ser fechado. Alguns rumores que circularam durante o último mês colocavam em dúvida a viabilidade da compra pelo Grupo Caoa, até então único a formalizar o interesse. A declaração do governador confirma, portanto, que a aquisição será efetivada e que os caminhões Ford voltarão a ser produzidos na planta do ABC paulista.

    Como já é hábito em seus discursos, Doria soltou mais um balão de ensaio sob medida para o público que o assiste: disse que em breve a Anfavea, a associação nacional dos fabricantes de veículos, deverá “ganhar um novo sócio chinês”. Acrescentou ainda que a nova fabricante a se instalar no Estado é resultado de negociações realizadas em sua recente visita à China. Talvez esta informação esteja ligada à compra da fábrica e da marca de caminhões Ford pela Caoa. Isso porque o grupo do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade também negociava representar e fabricar no Brasil caminhões de uma marca chinesa, possivelmente na mesma fábrica de São Bernardo que estaria comprando.

    RENOVAÇÃO DE FROTA



    Ao ouvir um discurso que o antecedeu em defesa da adoção de um programa de renovação de frota de caminhões no País, Doria aproveitou para oferecer ao público mais uma de suas iniciativas: anotou a proposta em um pedaço de papel e, quando foi sua vez de falar, disse que pretendia adotar a renovação no Estado de São Paulo. Em ato contínuo, já marcou com o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, uma reunião na quarta-feira da próxima semana para discutir o assunto.

    Propostas para tirar de circulação caminhões antigos, poluidores e sem segurança e substituí-los por mais novos já foram apresentadas dezenas vezes ao governo federal, mas sempre esbarrou na falta de recursos para bancar o programa. “Devido a distorções do mercado brasileiro, o caminhão usado tem preço elevado e é preciso desembolsar uma soma inicial alta para ressarcir o proprietário do veículo que seria encaminhado à reciclagem. Outro problema é o da falta de garantias para financiar o caminhão novo para este mesmo proprietário”, aponta Moraes.

    Segundo o presidente da Anfavea, Doria defende que se o governo paulista de fato adotar o programa de renovação, deverá incentivar o resto do País a fazer o mesmo. De acordo com o último levantamento feito há quatro anos, existiam cerca de 230 mil caminhões com mais de 30 anos de uso rodando no Brasil, o que por si só já justificaria um programa de renovação.

    Moraes revelou que a Anfavea já encomendou a uma consultoria um novo estudo sobre a frota brasileira de caminhões, que deve ser apresentado antes do fim deste ano. “A ideia é mostrar ao governo o quanto custa para a sociedade não fazer a renovação e continuar com esses veículos em circulação, causando acidentes e poluição, com danos à saúde da população”, afirma o dirigente, que assim espera sensibilizar o governo a direcionar verbas para o programa.