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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Coronavírus

Indústria envia vídeos para pedir que parlamentares não aprovem empréstimo obrigatório

Presidentes de entidades de diversos setores gravam vídeos com mensagens sobre a crise

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São Paulo

Em uma ação conjunta, entidades representantes de diversas indústrias estão gravando vídeos para enviar aos parlamentares pedindo que não avancem com o projeto de lei que obrigaria empresas bilionárias a emprestar dinheiro ao governo para ajudar no combate ao coronavírus.

Pela proposta, do deputado Wellington Roberto (PL-PB), seria estabelecido um empréstimo compulsório que autorizaria o governo a cobrar até 10% do lucro líquido de 2019 para as empresas com patrimônio líquido de ao menos R$ 1 bilhão. E os recursos seriam destinados às despesas urgentes da calamidade pública.

O pedido para a proposta tramitar em regime de urgência está na pauta da Câmara desta quarta-feira (22).

Os vídeos foram feitos por presidentes de entidades como Abimaq (de máquinas e equipamentos), Aço Brasil (produtores de aço), CervBrasil (cerveja), Abia (alimentos), Interfarma (farmacêuticas), Abit (têxteis), ABCP (cimento), Anfavea (automóveis), Abrinq (brinquedos), Abipla (higiene e limpeza) e outras.

Em comum, eles afirmam que as empresas estão enfrentando problemas de caixa e dificuldade de acesso a crédito e defendem que o empréstimo compulsório agravaria a situação.

Segundo representantes de entidades envolvidos na iniciativa, quem está coordenando o movimento é a CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Marco Polo, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, diz que a indústria já está ajudando a enfrentar o coronavírus oferecendo ventiladores, respiradores, máscaras e construindo hospitais de campanha. Segundo ele, as companhias de maior porte, alvo do projeto de lei, ainda preservam algum nível de demanda para as milhares de empresas de pequeno e médio porte nas cadeias de fornecimento.

José Velloso, da Abimaq, diz que o empréstimo compulsório agravaria ainda mais a situação. Paulo Petroni, da CervBrasil, afirma que as empresas de bebidas frias ainda não encontraram uma solução para irrigar as cadeias produtoras com crédito. João Dornellas, da Abia, diz que os fabricantes de alimentos estão trabalhado incessantemente, apesar da crise. Segundo Luiz Carlos Moraes, da Anfavea, o projeto ameaça a manutenção de empregos.

"Laboratórios farmacêuticos em todo o mundo têm investido na busca de soluções. O compulsório agravaria as dificuldades já impostas", diz Elisabeth Carvalhaez, presidente da Interfarma.

Para Fernando Pimentel, presidente da Abit, o projeto de lei estimula insegurança jurídica, o que reduziria a intenção de investimento no país. "Essa proposta ainda nos traz a triste memória dos compulsórios anteriores, me recordo de 1986, do Plano Cruzado, que até hoje estão correndo processos na Justiça", diz Pimentel.

Na opinião de Paulo Camillo Penna, da ABCP, a ideia de que o empréstimo compulsório atingiria apenas a grande empresa está equivocada, porque as micro, pequenas e médias também seriam impactadas.

com Filipe Oliveira e Mariana Grazini

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