Toyota sustenta novo recorde de vendas no Brasil

Mas crise na Argentina prejudicou resultado na América Latina

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 30/01/2020 - 18:45
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Em 2019 Toyota conseguiu manter a regularidade de seu crescimento e comemorou novo recorde de vendas no Brasil, pelo segundo ano consecutivo. Com 215,7 mil carros emplacados no País no ano passado no ano passado, a alta foi de 7,8% sobre o recorde anterior de 2018. O crescimento foi rigorosamente igual à média do mercado brasileiro de veículos leves, suficiente para manter a participação no País de 8,1% e fazer a Toyota subir do sétimo para o sexto lugar no ranking das marcas mais vendidas.

    Mas o resultado no Brasil não foi suficiente para compensar totalmente o naufrágio do mercado argentino. Com isso, pelo primeiro ano foi interrompido o ciclo de crescimento contínuo iniciado em 2013, quando foi criada a divisão América Latina da companhia japonesa. Em 2019 a Toyota vendeu 407 mil carros nos 40 países que integram a região, em queda de 7,7% em relação ao pico de 441 mil de 2018.

    “Nossas vendas, produção e rede vêm crescendo nos 40 países da região. Os volumes avançaram 37% (de 2012 a 2018) desde que criamos a divisão, mostrando que foi uma decisão acertada. Vamos continuar fortalecendo nossas operações, avançando passo a passo”, comentou Masahiro Inoue, CEO da Toyota América Latina.



    Massa, como é conhecido, substituiu em abril passado o americano Steve St. Angelo, que inaugurou em 2013 o posto de comando da recém-criada Toyota América Latina e Caribe (TALC). Ele já tinha passado pelo Brasil entre 2011 e 2013 e até o ano passado ficava na sediado no Japão, onde era o vice-chefe executivo responsável pela região latino-americana da empresa. “Lá eu era o único executivo da companhia que fala português”, diz.

    Foi uma escolha natural, que acabou aumentando a independência da divisão. Em julho, todas as 45 pessoas que trabalhavam em Tóquio na equipe comercial para a América Latina foram transferidas para um novo escritório regional em Buenos Aires, na Argentina. “O Brasil continuará sendo a casa matriz da engenharia para a divisão”, explica Massa.

    NO BRASIL, MERCADO EM ALTA E PRODUÇÃO EM BAIXA



    A pronunciada crise econômica na Argentina também puxou para baixo a produção das fábricas brasileiras da Toyota, especialmente em Sorocaba (SP) onde em junho foi necessário encerrar o terceiro turno de trabalho iniciado meses antes, com a demissão 740 pessoas e outras 100 na planta de motores de Porto Feliz (SP).

    A Toyota produz as famílias hatch e sedã do Etios e Yaris em Sorocaba o sedã médio Corolla em Indaiatuba. As duas plantas do interior paulista produziram 188 mil carros em 2019, em queda de 10% sobre o recorde de 209 mil de 2018.

    “A situação na Argentina interrompeu nossos planos de expansão da produção, tivemos de encerrar o terceiro turno em Sorocaba. Mas felizmente conseguimos manter o bom resultado no Brasil, onde este ano esperamos crescer novamente na mesma proporção do mercado”, disse Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil.



    Não foi de todo ruim. A produção de 188 mil carros no Brasil está bastante próxima da capacidade máxima instalada das duas fábricas brasileiras com trabalho em dois turnos – como ocorre agora.

    Indaiatuba, que tem potencial para 70 mil unidades/ano, recebeu investimentos de R$ 1 bilhão para produzir a nova geração do Corolla sobre a moderna plataforma TNGA. O novo sedã lançado em setembro passado continua a ser o carro mais vendido da Toyota no País e lidera o segmento de sedãs médios com larga vantagem sobre o segundo colocado Honda Civic.

    A inédita versão híbrida com motor flex do Corolla, mesmo sendo mais cara, é um sucesso instantâneo: a empresa esperava que representasse não mais do que 15% das vendas do modelo, mas o porcentual chega a 40%, o que formou fila de espera de quatro meses, hoje reduzida para um mês. Como motorização e transmissão do Corolla híbrido são importados, de início houve falta dos componentes para produzir o carro.

    “O problema é que a procura por nossas versões híbridas aumentou muito no mundo todo e precisamos batalhar para trazer mais para cá”, explica Chang. “Até na Colômbia, para onde começamos a enviar o novo Corolla, a procura pelo híbrido nos surpreendeu. Mas estamos conseguindo aos poucos normalizar as entregas.”

    Em Sorocaba, a produção também está próxima da capacidade de 108 mil carros/ano em dois turnos. Houve redução na procura pelos Etios hatch e sedã, que somaram 32,2 mil unidades vendidas no País, em forte retração de 34% sobre o ano anterior. Mas o movimento acabou sendo compensado pelo primeiro ano inteiro de vendas dos Yaris hatch e sedã, que com 67,4 mil emplacamentos em 2019 venderam o dobro de 2018, quando as duas versões foram lançadas já no meio do ano.

    A fábrica deverá acelerar o ritmo em 2021, quando será consolidado o investimento em curso de R$ 1 bilhão anunciado em setembro passado para a produção de um novo carro em Sorocaba. A Toyota não confirma qual será o modelo, mas fontes de mercado dão como certa a fabricação do primeiro SUV nacional da Toyota, construído sobre a plataforma TNGA, a mesma do novo Corolla.