Volvo reafirma projeção de mercado de 20% a 30% maior este ano

Alcides Cavalcanti: confiança na continuação de renovação de frotas

Por PEDRO KUTNEY, AB | De Itu (SP)
  • 16/04/2019 - 16:37
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Apesar das constantes revisões para baixo de crescimento do PIB este ano, a Volvo segue trabalhando com a perspectiva de que o mercado de caminhões pesados e semipesados deve crescer de 20% a 30% em 2019. No primeiro trimestre, as vendas desse segmento foram 46% maiores do que no mesmo período de 2018, com alta de 67% para modelos pesados e de 30% para semipesados, pontua Alcides Cavancanti, diretor de comercial da Volvo Brasil.

    “Em 2018 vimos que o agronegócio sustentou o mercado. Este ano há um forte movimento de renovação de frotas, porque já fazia alguns anos que muitos transportadores não renovavam e agora estão fazendo isso”, explica Alcides Cavalcanti.



    O executivo lembra ainda que também ajuda a aquecer o mercado o acesso facilitado ao crédito dos bancos privados, com redução da dependência das linhas subsidiadas do BNDES, que até 2014 foram responsáveis por cerca de 80% das vendas de caminhões no País. “Com a inflação e os juros baixos e estáveis, as linhas de CDC ficaram muito competitivas, com taxas de 10% a 11% ao ano”, diz. Segundo ele, também aumentaram bastante as compras à vista: “É porque no movimento de renovação o frotista vende o usado e usa o recurso para comprar o novo”.



    FILA DE ESPERA MENOR



    Devido ao forte fluxo de pedidos iniciado no segundo semestre do ano passado, a Volvo terminou 2018 com fila de espera pelos seus caminhões pesados FH que chegava a oito meses. No começo deste ano a empresa contratou mais 270 funcionários para acelerar o segundo turno na fábrica de Curitiba (PR). Também conseguiu reduzir o gargalo causado pela limitação de componentes importados da transmissão automatizada I-Shift. Com isso, segundo Cavalcanti, o prazo de entrega dos pesados da linha F caiu para 60 a 90 dias, e dos semipesados VM pra no máximo no máximo 60 dias.

    “O problema é que os mercados dos Estados Unidos e Europa estavam em forte alta e com boas margens, então ganharam a disputa pelos componentes que precisávamos, porque aqui as vendas também cresceram, mas as margens eram bem menores”, explica Cavalcanti. “Com a queda de exportações para Oriente Médio e África este ano estamos conseguindo importar mais e reduzimos esse gargalo.”

    Outro fator que ajudou a reduzir o tempo de espera pelos caminhões Volvo foi a queda nas exportações para a Argentina, com mercado reduzido à metade, enquanto as vendas para Chile e Peru permanecem estáveis.

    DE OLHO NO ESPAÇO DA FORD



    Cavalcanti admite que a Volvo também está de olho no espaço deixado pela Ford, que anunciou sua retirada do mercado de caminhões e o encerramento da operação na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). “Podemos pegar com o VM até 20% dos volumes de modelos 6x2 e 6x4 da Ford”, ele estima.

    Mas o executivo afirma que não tem interesse pelo mercado de entrada, formada por modelos 6x2 que correspondem a cerca de 25% das vendas de semipesados. “Não estamos nesse segmento e não estamos interessados em entrar”, diz.

    A partir da renovação da linha F de caminhões Volvo, com introdução de novas tecnologias para redução de consumo, Cavalcanti avalia que a marca pode retomar a liderança do mercado de pesados, perdida para a Mercedes-Benz no ano passado.

    “Este é um segmento muito sensível a economia de combustível, produtividade e valor de revenda. Conseguimos aprimorar essas qualidades com a nova linha F e queremos retomar a liderança do segmento de pesados”, afirma o diretor comercial.

    Como exemplo, Cavalcanti destaca que o Volvo FH 540, apesar de ser o caminhão mais caro do País (R$ 550 mil), foi em 2018 o modelo pesado mais vendido e assim segue sendo no primeiro trimestre, com o emplacamento de pouco mais de 1,4 mil unidades de janeiro a março. “Isso comprova o quanto o frotista profissionalizado deste segmento faz contas para muito além do preço de aquisição.”