Economia

Taxas fecham em alta após Copom sinalizar fim do ciclo de cortes da Selic

O ajuste ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) continuou pautando a curva de juros nos trechos curto e intermediário no período da tarde, sustentando as taxas em alta, com ajuda ainda da piora do câmbio na etapa vespertina. Como os diretores sinalizam claramente para o fim do atual ciclo de baixa da Selic, a curva “limpou” as apostas até ontem de que o texto pudesse sinalizar para mais um corte da Selic em março, que eram minoritárias, e já passa precificar 100% de chance de Selic estável na próxima reunião. Por isso, as taxas de curto prazo fecharam com viés de alta, enquanto nos vértices intermediários o avanço foi firme, com o mercado ampliando as fichas na possibilidade de um aperto monetário, principalmente a partir de 2021.

O volume de contratos negociados em função do Copom foi muito acima da média padrão. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para abril de 2020, por exemplo, movimentando mais de 1 milhão. Este vencimento capta as apostas para o Copom de fevereiro e o de março e fechou com taxa de 4,156% (regular) e 4,155% (estendida), praticamente estável ante o ajuste anterior (4,164%), considerando ainda que a curva ontem tinha apostas residuais de que a Selic seria mantida nos 4,50%. O DI para janeiro de 2021 fechou a 4,33% e 4,34% (regular e estendida), de 4,29% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,421% para 5,54% (regular) e 5,56% (estendida).

Nos longos, o comunicado do Copom deveria manter as taxas mais de lado, mas de todo modo subiram por causa do câmbio. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,14% (regular) e 6,17% (estendida), de 6,051%, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 6,391% para 6,47% (regular) e 6,49% (estendida).

Para Luis Felipe Laudisio, operador da Renascença, o ajuste mais significativo ao Copom se deu no vértice janeiro de 2022, que girou mais de 700 mil contratos, ante a média diária de 275 mil no último mês. Este DI fechou com taxa de 5,02% (regular e estendida), ante 4,891% ontem.

Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do Haitong Banco de Investimentos, além da curva agora precificar 100% de chance de Selic estável em março (ontem era cerca de 70%), já há prêmio de risco para aperto da Selic a partir de junho, com 10% de chance de aumento de 0,25 ponto porcentual. Para o fim do ano, a curva aponta Selic entre 4,75% e 5%.

No comunicado, o Copom afirma que “entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária”. “Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”, diz o texto.

À tarde, o clima nos mercados locais ficou mais tenso, com o dólar acelerando a alta até bater nova máxima nominal histórica de fechamento, a R$ 4,2852, o que também pesou na curva, segundo Laudisio.

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