Em revisão, FMI faz corte mais acentuado no PIB do Brasil

Projeção para o país caiu 1 ponto percentual a mais que a de outras economias

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Washington

As previsões de crescimento econômico feitas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) ao Brasil não são animadoras mesmo se comparadas aos números previstos para a economia mundial —em forte desaceleração— ou aos esperados neste ano para países emergentes e em desenvolvimento.

Análise feita pela Folha entre relatórios divulgados em janeiro e em outubro pelo Fundo revela que a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2019 é menos de um quarto do esperado pelos demais emergentes e menos de um terço do projetado para a economia mundial no mesmo período.

Do começo do ano para cá, as economias avançadas, emergentes e mundial sofreram redução de expectativa de crescimento que variou ao redor de 0,5 ponto percentual, enquanto a projeção para o Brasil caiu 1,6 ponto percentual.

Kristalina Georgieva, chefe do Fundo Monetário Internacional, durante apresentação em Washington
Kristalina Georgieva, chefe do Fundo Monetário Internacional, durante apresentação em Washington - Liu Jie - 16.out.2019/Xinhua

Os dados mostram que a economia brasileira desacelerou mais fortemente em todos os cenários de comparação mas, mesmo entre os emergentes, grupo de países do qual faz parte, o Brasil fica bem aquém das expectativas. 

Nesta terça-feira (15), dados publicados durante a reunião anual do FMI, em Washington, apontam que o crescimento esperado para o PIB do Brasil em 2019 é de 0,9% —ante os 2,5% previstos em janeiro. 

Já as nações em desenvolvimento, por exemplo, sofreram reajuste de 4,5% para 3,9% neste ano, enquanto a projeção da economia global passou de 3,5% para 3%.

Na avaliação de economistas que acompanham as reuniões do Fundo, a guerra comercial entre EUA e China, a crise política e econômica na Argentina e o impasse do brexit —saída do Reino Unido da União Europeia— não são suficientes para explicar a derrubada na economia brasileira.

Investidores nos EUA decidiram adiar suas apostas no Brasil porque dizem que, apesar do discurso de que as reformas estão avançando no Congresso, a economia não reage. O crescimento brasileiro foi de 1,1% em 2017 e em 2018 e, atrelado à queda da produtividade e a taxas de juros menos atraentes para o capital estrangeiro no país, desanima os donos do dinheiro.

A economia brasileira segue em trajetória errática, sem sinais de retomada consistente e  dependente do consumo das famílias e dos setores de comércio e serviços.

Segundo a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, o Brasil “registrou alguma recuperação e melhora” nos índices econômicos neste ano, com destaque ao avanço da reforma da Previdência no Congresso, mas é preciso fazer mais. 

Em coletiva a jornalistas nesta terça (15), ela ponderou que incertezas políticas que envolveram  a negociação do projeto refletem de forma negativa nos números do país e que é preciso concluir as reformas para superar a crise. 

Para 2020, o Fundo elevou a previsão do PIB brasileiro para 2%. O índice, porém, ainda é menor do que as previsões para economias avançadas, emergentes e global —a projeção para o crescimento mundial no ano que vem é de 3,4%, na esteira de uma desaceleração sem precedentes na última década.

Economistas têm concentrado suas apostas no Brasil para 2020, quando os efeitos do ciclo atual de queda de juros fariam o país ganhar ritmo após três anos de crescimento baixíssimo. O histórico das projeções do Banco Central, porém, mostra que estimativas feitas com essa antecedência não se concretizaram.

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