Além de mudar sede, Toyota quer cortar 300 em fábricas no Brasil

Toyota em São Bernardo: negociação para transferir áreas administrativas para Sorocaba e abertura de PDV

Por REDAÇÃO AB
  • 28/09/2020 - 19:50
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Este texto foi atualizado com correção de informações em 29/9 às 13h00

    A anunciada mudança da sede administrativa da Toyota no Brasil de São Bernardo do Campo para Sorocaba envolvia bem mais do que a transferência de funcionários para um novo local. Segundo divulgou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na segunda-feira, 28, a empresa informou que pretendia transferir 600 pessoas e demitir 300. Após negociações com a representação dos trabalhadores, a Toyota aceitou ajustar a meta de cortes para 120 vagas somente em São Bernardo, mas sustenta o objetivo de reduzir em 300 pessoas o quadro em todas as sua fábricas no País com a abertura de um programa de demissão voluntária (PDV).

    O presidente do sindicato, Wagner Santana, afirma que recebeu com “perplexidade” a informação de que a Toyota transferiria suas atividades corporativas da planta de São Bernardo, onde está instalada desde 1962. “A direção da montadora disse que a mudança envolveria 600 empregados e que fariam ainda o desligamento de outros 300. Conversamos com os trabalhadores, que autorizaram o sindicato a iniciar um processo de negociação com objetivo de tentar reverter a transferência, garantir que a readequação do efetivo fosse realizada de forma voluntária e que a montadora desse garantias para o futuro da planta de SBC”, explica. “Conseguimos reduzir [o número de transferidos] de 600 para 490 e dos 300 que a fábrica pretendia tirar, negociamos para que a meta seja de 120”, completou. A Toyota confirmou, no entanto, que o objetivo segue sendo o de cortar 300 vagas, mas em todas as suas quatro fábricas no País, e que espera reduzir em 120 pessoas o quadro de São Bernardo; os demais 180 cortes seriam diluídos entre Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz.

    Em Assembleia presencial realizada na manhã da segunda-feira, os trabalhadores na Toyota aprovaram o acordo negociado. A proposta aprovada inclui a abertura de um PDV para todos os trabalhadores da área administrativa, com incentivo de 12 salários extras e manutenção do plano de saúde por um ano. O programa, segundo o sindicato, está aberto inclusive para aqueles que serão transferidos de planta e ainda para os aposentados que atuam na produção.

    Para os trabalhadores que mudarão para Sorocaba, o acordo garantiu o pagamento de dois salários no mês da transferência e 2,4 adicionais àqueles que optarem por mudar seu domicílio para a cidade. Os que ficarem terão transporte fretado de São Bernardo a Sorocaba por dois anos. A negociação também garantiu um ano de estabilidade a todos os transferidos.

    CONTINUIDADE DA FÁBRICA



    Quando anunciou a transferência da sede sua administrativa para Sorocaba, onde tem sua maior unidade industrial no País, a Toyota afirmou que irá desativar e vender ou alugar todos os prédios administrativos que hoje abrigam as presidências e toda a diretoria da empresa no Brasil e na América Latina, os departamentos de administração geral, engenharia, compras, pesquisa e desenvolvimento, design e centro de visitas. Ao mesmo tempo, a empresa prometeu manter as áreas de produção de componentes, que abastecem com bielas e virabrequins as fábricas do grupo no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos.

    O presidente do sindicato do ABC confirmou que a Toyota se comprometeu com a continuidade à operação produtiva de São Bernardo e que será formada uma mesa conjunta para discutir e viabilizar novos produtos para a fábrica. “A partir desse entendimento e do fechamento desse acordo, estamos agora voltados a buscar condições para ampliar a capacidade de produção da planta”, disse.

    Santana lamentou ainda o momento atual, que tem dificultado as negociações com empresas da região. “Diferente do que vivemos em 2015, por exemplo, quando os investimentos do Inovar-Auto tornaram possível a ampliação da planta da Toyota e a construção do centro de desenvolvimento (projeto São Bernardo Reborn que envolveu investimentos de R$ 70 milhões na unidade), hoje não há qualquer ação dos governos em defesa da indústria e dos empregos. Eles mantiveram a decisão de transferência, mas conseguimos um acordo bom para aqueles que serão transferidos, com estabilidade, e um PDV num bom patamar, de forma que as saídas aconteçam de forma voluntária”, ponderou.