Após tarifas de Trump, governo diz que vai trabalhar para defender interesse comercial brasileiro

Em tuíte, presidente dos EUA disse que irá retomar tarifas de aço e alumínio do Brasil e da Argentina

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Brasília

O governo afirmou nesta segunda-feira (2) que está em contato com interlocutores nos Estados Unidos sobre a declaração do presidente americano, Donald Trump, de elevar tarifas sobre o aço e o alumínio oriundos do Brasil

“O governo brasileiro tomou conhecimento de declaração do Presidente Donald Trump sobre possível imposição de sobretaxa ao aço brasileiro e já está em contato com interlocutores em Washington sobre o tema”, afirma nota conjunta divulgada pelos ministérios da Economia, das Relações Exteriores e da Agricultura. 

“O governo trabalhará para defender o interesse comercial brasileiro e assegurar a fluidez do comércio com os EUA, com vistas a ampliar o intercâmbio comercial e aprofundar o relacionamento bilateral, em benefício de ambos os países”, completa o texto.

O presidente dos EUA, Donald Trump, e Jair Bolsonaro durante visita à Washington, Estados Unidos - Jim Watson - 30.jul.19/AFP

Mais cedo, Trump publicou na internet um comentário afirmando que Brasil e Argentina teriam desvalorizado suas moedas e que, por isso, ele aumentaria as tarifas sobre os produtos.

"Brasil e Argentina desvalorizaram fortemente suas moedas, o que não é bom para nossos agricultores", tuitou Trump. "Portanto, com vigência imediata, restabelecerei as tarifas de todo aço e alumínio enviados aos Estados Unidos por esses países"​. 

No ministério da Economia, ainda não há ação concreta em relação ao anúncio de Trump. Interlocutores da pasta afirmam que a equipe ainda tenta entender qual será a medida a ser adotada pelos Estados Unidos.

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, foi escalado para centralizar os trabalhos, que são conduzidos em parceria com o Ministério das Relações Exteriores.

Na última semana, quando o dólar atingiu R$ 4,21, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em Washington que "é bom se acostumar" com câmbio mais alto. Ele ressaltou que a consequência disso seria um aumento das exportações brasileiras e uma queda nas importações.

Para o presidente dos Estados Unidos, o Brasil desvalorizou fortemente sua moeda, o que prejudica os americanos. Interlocutores de Guedes, entretanto, avaliam que a fala do ministro não motivou a ameaça de Trump. 

A avaliação é que faria algum sentido dizer que a afirmação de Guedes provocou o anúncio do Trump se a Argentina não estivesse no mesmo pacote. Os dois países entraram juntos na ameaça do Trump e, por isso, auxiliares do ministro acreditam que a decisão não foi tomada por conta de uma fala específica de ninguém.

Membros do ministério consideram ainda que Trump se equivocou na avaliação que levou ao anúncio. Argumentam que o Brasil segue praticando câmbio livre, as intervenções do BC têm sido feitas para dar liquidez ao mercado e normalmente não são no sentido de desvalorizar o real, mas de conter picos de volatilidade.

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