Marcas premium veem potencial para crescimento no Brasil

BMW, Mercedes-Benz e Volvo acreditam que ainda têm espaço para ampliar vendas no mercado brasileiro

Por WILSON TOUME, PARA AB
  • 27/05/2019 - 13:08
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    O mercado de marcas premium no Brasil vem crescendo nos últimos anos. Em 2018, por exemplo, apresentou evolução de 9,1% em relação ao ano anterior e cresceu 2,3% no primeiro quadrimestre deste ano. Apesar do resultado positivo, o sentimento das empresas que atuam nesse segmento não é de satisfação plena, já que os números estão abaixo daqueles registrados pelo mercado, que foi de 13,7% de aumento no ano passado e de 8,7% entre janeiro e abril deste ano. Os dados foram apresentados durante o Automotive Business Experience, ABX19, realizado segunda-feira, 27, no São Paulo Expo.

    Segundo Flávio Padovan, diretor da Padovan Consulting e mediador da discussão no evento, marcas de carros premium vendem anualmente média 2 milhões de carros no mundo. No Brasil, no entanto, o volume de cada fabricante no mesmo período é de apenas 10 a 12 mil carros por ano.

    Para Roberto Carvalho, diretor comercial da BMW do Brasil, ainda falta volume de vendas no mercado nacional para permitir que as empresas do segmento invistam mais em pesquisa e desenvolvimento local. Além disso, as regras para exportações deveriam ser mais flexíveis com relação à exigência de conteúdo local.

    “Mais exportações se refletiriam na produção e também permitiriam mais agilidade na implantação de novas tecnologias nos carros produzidos aqui”, explicou Carvalho.



    João Oliveira, diretor geral de operações da Volvo Cars, acrescentou que a carga tributária é outro empecilho. “No Chile – onde também atuei no setor de vendas – a participação dos automóveis premium é de 6%, ou seja, por lá esses modelos são acessíveis a uma maior parcela da população”, afirmou.

    Já Dirlei Dias, gerente sênior de vendas e marketing da Mercedes-Benz, lembrou que, apesar desses obstáculos, existem aspectos positivos, como o programa Rota 2030, que “trouxe clareza para a elaboração de estratégias futuras, como a eletrificação dos carros”, disse.

    INFRAESTRUTURA PARA ELÉTRICOS


    Os automóveis elétricos, aliás, são vistos como o futuro inevitável do mercado brasileiro. “Os consumidores vão exigir cada vez mais carros desse tipo, mas cabe ao governo providenciar a infraestrutura básica para eles, como postos de recarga nas grandes cidades, afirmou Carvalho.

    Mesmo assim, o executivo lembrou que a BMW implantou, no ano passado, o “corredor elétrico” na Via Dutra – que liga São Paulo e Rio de Janeiro – com diversos postos de recarga ao longo da estrada. “Isso só foi possível graças às parcerias que fizemos com uma distribuidora de energia e com uma rede de postos de abastecimento. E vamos continuar procurando oportunidades com nossos parceiros, sem ter de esperar iniciativas do governo”, afirmou.

    Dirlei Dias, da Mercedes-Benz, lembrou a necessidade de as marcas continuarem a ser atraentes, principalmente para o público jovem.

    “Estamos investindo em conectividade com o objetivo de tornar nossos automóveis cada vez mais parecidos com smartphones em termos de funcionalidade”, explicou Dias.



    “Com isso acreditamos que não só vamos permitir que os nossos produtos sejam tão versáteis quanto os telefones celulares, como que permaneçam desejados pelo público mais jovem”, afirmou.